Folha de São Paulo
São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2011
Cade autoriza a Gol a usar espaços da Webjet
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

A Gol deverá receber do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) o aval para usar imediatamente o ativo que a companhia considera mais valioso na compra da Webjet: os slots.
O termo designa horários e espaços para pousos e decolagens. Em aeroportos como Congonhas e Guarulhos, os slots são disputadíssimos pelas empresas aéreas.
Segundo a Folha apurou, a Gol assinará com o conselho um Apro (Acordo de Previsão da Reversibilidade da Operação) em setembro. Esse tipo de acordo é comum nas fusões mais problemáticas (como no caso Sadia-Perdigão) para congelar a operação até ela ser julgada em definitivo.
Isso permite que, caso o conselho decidir vetar o negócio, as duas empresas não estejam totalmente integradas e a fusão possa ser desfeita.
O acordo com a Gol liberará a companhia para usar imediatamente também as aeronaves e a tripulação da Webjet.
A avaliação do conselho é que, assim como os slots, esses ativos são reversíveis, ou seja, em caso de veto à operação, é fácil devolver à Webjet as aeronaves (as duas empresas usam Boeings), slots e funcionários.
O Cade, porém, determinará quais pontos considera irreversíveis para que sejam preservados até o julgamento -que pode levar anos para acontecer.
É o caso da marca Webjet, que não poderá ser abandonada até a análise da fusão. A Gol terá que manter ainda as linhas da aérea comprada nos horários e rotas similares aos que ela opera hoje.

FRETAMENTOS

A companhia terá também que conservar os contratos da Webjet com empresas de turismo e de fretamento.

Outro ponto que poderá ser incluído no acordo é a conservação da mesma participação de mercado detida pela Webjet antes da operação, que é de 5,2%.

A intenção do conselho é garantir que a Webjet não "morra" até o julgamento.
Se considerar que a fusão é prejudicial à concorrência, o Cade poderá determinar que o negócio seja desfeito parcial ou totalmente. Procurada, a Gol informou que, por enquanto, as duas companhias operam separadamente e que nada vai ser feito até a aprovação das autoridades.
A empresa não quis comentar a negociação do acordo com o Cade. A Webjet não quis se pronunciar.

A Gol anunciou a compra da Webjet no início de julho por R$ 96 milhões. A empresa foi avaliada em R$ 310,7 milhões, mas tinha dívidas que somam R$ 214,7 milhões.
Com a compra, a Gol passará a ter mais de 40% do mercado, aproximando-se da TAM, que tem 44%.