UE teme efeito prolongado sobre economia



22/4/2010
Folha de S.Paulo

Enquanto os aeroportos europeus começam a retomar as atividades, cabe aos viajantes e empresários prudentes indagar: e se isso voltar a acontecer?
   
A erupção anterior do Eyjafjallajokull, em 1821, durou 13 meses. Para que o mundo deveria se preparar caso as nuvens de cinzas se projetem intermitentemente pelos céus da Europa por seis meses ou um ano, fechando repetidamente os aeroportos, com aviso prévio de apenas algumas horas?
   
O importantíssimo setor de turismo será devastado. Os supermercados disporão de menos produtos fora de época. Empresas como os serviços de entregas terão de improvisar. E tudo custará mais caro.     A recuperação da Europa depois da recessão econômica provavelmente será zerada. Os bancos e governos, preocupados com uma disparada da inflação, podem apertar o crédito. Ferrovias e rodovias ficarão sobrecarregadas com o tráfego de cargas e passageiros.
   
Passados cinco dias do início da crise, uma fábrica da BMW na Alemanha e uma fábrica da Nissan no Japão tiveram de suspender temporariamente suas atividades porque a nuvem de cinzas estava impedindo a chegada de componentes. Perturbações prolongadas nas cadeias de suprimentos podem ter efeito profundo sobre a indústria e o comércio mundiais.
   
Os efeitos psicológicos da incerteza podem ser entorpecedores. Enquanto o vulcão continuar rosnando, pouca gente se disporá a arriscar novos atrasos e pesadelos como longas esperas em aeroportos ou hotéis.
   
Viagens e turismo respondem por 5% do movimento da economia europeia. Mesmo que o número de viajantes caia em apenas 20%, a Europa pode esquecer a recuperação econômica que esperava para esse ano, disse a analista econômica Vanessa Rossi.
   
Os efeitos derivativos de uma forte queda no turismo e nas viagens reduziriam em 1% a 2% o PIB europeu.
   
Países como Grécia e Portugal, que já enfrentam crises de dívida, contam com seus setores de turismo para ajudá-los a retomar o crescimento, mas esses planos agora estão em risco.