Aviões do Santos Dumont usam rota indevida


28/5/2010
O Globo

Um monitoramento realizado pela Secretaria estadual do Ambiente (SEA) revelou que a rota 2 - que passa sobre pelo menos seis bairros da Zona Sul - continua a ser utilizada pelo Aeroporto Santos Dumont, mesmo em condições de tempo favoráveis. No fim do ano passado, segundo a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, a restrição foi acordada em ata com os órgãos responsáveis pela operação do aeroporto.
   
Segundo o chefe de fiscalização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Carlos Fonteles Souza, os órgãos aeroportuários entendem como condições adversas ventos a partir de 5 nós (9,26 km/h). Num dos períodos analisados, durante toda a manhã, a rota 2 foi utilizada com ventos de 3 nós (5,56 km/h). Marilene, no entanto, afirma que será preciso criar padrões mais específicos para definir a condição de "mau tempo".
   
Esses e outros dados foram apresentados ontem à tarde numa reunião em que participaram Marilene e representantes da Infraero, Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA), da Aeronáutica, e de outros órgãos. Segundo a secretária, as entidades se comprometeram a passar para o estado o histórico de pousos e decolagens e das condições atmosféricas de janeiro a abril, para cruzar as informações e verificar possíveis falhas na operação.
   
Por trás da discussão, está o licenciamento ambiental do Santos Dumont - até hoje, o aeroporto não tem autorização para operação. As restrições se tornarão definitivas quando estiverem na licença.
   
Ontem, Marilene deu um prazo final para os órgãos, que preparam estudos de impacto de ruído para contrapor com as informações apresentadas pela secretaria.
   
- Eles apresentaram os resultados de apenas um ponto (o Hospital Quarto Centenário, em Santa Teresa), em que a variação de ruído foi de apenas 10% com os aviões. Para quem deseja a licença, eles deveriam ter mais celeridade.
   
Dei prazo até 13 de junho para apresentarem resultados. No dia 20, faremos uma reunião definitiva. As condicionantes da licença serão dadas a partir das informações disponíveis.
Procurada pelo jornal, a Infraero informou estar empenhada na conclusão dos estudos do monitoramento de ruído das aeronaves, para entregálo até o dia 13. Em seguida, as novas informações obtidas serão avaliadas.
   
Durante a reunião, a secretaria apresentou ainda um estudo sobre a percepção de ruídos de aeronaves por 600 moradores de alguns bairros afetados pela rota 2 - Botafogo, Urca, Laranjeiras e Santa Teresa -, realizada após as restrições impostas pela Secretaria do Ambiente. Surpreendentemente, os moradores ficaram divididos: 53% se manifestaram incomodados com os ruídos, 45% disseram não ter problema e 2% não opinaram