Nos juizados dos aeroportos, clientes processam a Gol

CAOS AÉREO


Publicada em 02/08/2010 às 23h14m
Geralda Doca, Danielle Nogueira, Wagner Gomes e Flavia Lima - O Globo - 02/08/2010
    RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA - O transtorno causado pela Gol e a falta de informações resultaram nesta segunda-feira em 104 reclamações nos Juizados Especiais instalados nos aeroportos de Rio, São Paulo e Brasília. Só no Rio e em Brasília, foram abertos 46 processos judiciais - a maior parte tem como alvo a Gol.
    Neste último fim de semana, em relação ao fim de semana anterior, o número de queixas no Aeroporto Internacional Tom Jobim passou de 18 para 135 - alta de 650%. Nesta segunda, das 33 queixas no Tom Jobim, 27 se transformaram em processos e apenas uma se reverteu em acordo entre as partes. No Santos Dumont, dos 20 clientes que procuraram a juizado, houve quatro acordos, cinco aberturas de processos e 11 pedidos de informação.
    No Aeroporto de Brasília, foram registradas 33 queixas. Desse total, foram abertos 14 processos, todos contra a Gol. No Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, das dez reclamações, a Gol foi alvo de nove. Desse total, duas queixas resultaram em acordos. Em Cumbica, das oito reclamações, cinco foram contra a Gol.
    Problemas na escala associados ao elevado tráfego aéreo na volta às aulas levaram à insuficiência de tripulantes para os voos programados da companhia, que registram atrasos desde sexta-feira. Os problemas enfrentados pela Gol provocaram efeito cascata que levaram o número de voos domésticos atrasados no país a 26% dos 2.162 voos programados em 54 aeroportos brasileiros, segundo dados da Infraero atualizados até às 21h desta segunda-feira. A média de atrasos nos voos domésticos nos primeiros cinco meses do ano é de 12,4%.
    Na Gol, houve desde excesso de voos fretados (não regulares) para destinos turísticos em julho a falhas no sistema da empresa que monitora a carga horária dos tripulantes. A decisão dos funcionários de cumprir estritamente a legislação trabalhista do setor - máximo de 85 horas de voo por mês - também fez os passageiros da segunda maior companhia aérea do país passarem por um verdadeiro tormento nos aeroportos na volta das férias. Até as 21h, 393 decolagens domésticas da empresa - 52,5% dos 748 voos programados - sofreram atrasos e 94 viagens (12,6%) foram canceladas. Dos 34 embarques internacionais previstos, 44,1% (15) foram adiados.