Exército assume retomada de obra do novo aeroporto

1/10/2010 - Diário da Manhã (GO)

O Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro (DEC), mediante auxílio do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) de São Paulo, vai assumir as responsabilidades pela construção do novo terminal aéreo de Goiânia, segundo Jucélio Alves de Oliveira, superintendente do aeroporto da Capital. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou ontem que as obras do novo aeroporto, paralisadas desde 2008 por apresentar irregularidades, estão passando por análises técnicas pelo IPT.
Ele também afirma que a Justiça Federal determinou a realização de uma perícia nas obras do aeroporto que ainda será executada. Só após essa conclusão pericial as obras poderão ser retomadas pelo Exército. "Temos duas frentes de trabalho, uma técnica e outra jurídica. Estamos aguardando uma perícia determinada pela Justiça Federal para aí, sim, efetivamente, adentrarmos ao canteiro de obras e retomá-las", diz Jucélio.

O superintendente do aeroporto também ressaltou que, em virtude dos atrasos na obra, o projeto inicial do novo terminal aéreo de Goiânia passará por alterações estruturais, porém nada que possa acarretar em mais atrasos. Quanto ao cronograma da execução e conclusão das obras, dependerá do Exército. Contudo, segundo algumas projeções, a estimativa é que até o final de 2012 o novo aeroporto seja entregue.

Também foi apresentado pela Infraero a situação das obras emergenciais no atual terminal, como a conclusão do Módulo Operacional Provisório (MOP), mais conhecido como "puxadinho" - anexo de 1,2 mil metros quadrados que servirá como área de embarque - além de novas vagas de estacionamento.

Segundo os dados apresentados pela Infraero aos representantes da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), o MOP estará concluído até a primeira quinzena de novembro. No último encontro entre empresários, realizado em agosto de 2010, na sede da Fieg, ficou estabelecido que o "puxadinho" seria entregue ainda em setembro deste ano, o que não ocorreu.
De acordo com Jucélio de Oliveira, os serviços são executados no MOP de forma ininterrupta durante toda a semana, estando em fase de conclusão a instalação do canteiro, mobilização, nivelamento de terra, fundações, estrutura metálica e o contrapiso. "Houve atraso nesse projeto devido a necessidades de readequações para elevar o nível de conforto e de segurança da própria estrutura", diz.
Quanto a ampliação do estacionamento, segundo a Infraero, já estão disponibilizados recursos de R$ 350 mil para execução da obra, contudo o projeto está ainda em fase de conclusão para que seja feita a licitação. "A nossa previsão é de que o novo estacionamento com 350 vagas seja entregue em março de 2011. Esperamos abrir processo licitatório em outubro ou novembro deste ano", afirma.           
Jucélio de Oliveira explica que as atuais instalações do Aeroporto Santa Genoveva estão dimensionadas para atender cerca de 600 mil passageiros por ano, com a conclusão do MOP, essa capacidade será aumentada para, no mínimo, 1 milhão de passageiros, com, segundo ele, um conforto bem mais elaborado do que o atual. "Essas obras emergenciais são necessárias para comportar o aumento de fluxo de passageiros no terminal aéreo de Goiânia", enfatiza.

Capital perde eventos importantes com falta de estrutura          

As obras no aeroporto foram iniciadas no dia 14 de março de 2005 pelo consórcio entre as empresas Odebrecht e Via e estão paralisadas desde 19 de abril de 2007. Segundo a assessoria da Infraero, as obras estão paradas desde que o Tribunal de Contas da União (TCU) verificou superfaturamento no contrato entre o consórcio e a administração, e pediu revisão das contas.

De acordo com as informações apresentadas pela Infraero, a reforma está prevista para terminar em agosto de 2012, por R$ 269,2 milhões, que consiste na construção do novo terminal de passageiros, pátio de aeronaves, pistas de táxi, estacionamento, sistema viário interno e infraestrutura de utilidades. Entretanto, o atraso nas obras vem causando sérios prejuízos de ordem financeira ao turismo e à rede hoteleira de Goiânia e de todo o Estado, segundo Nazir El Haje Neto, presidente do Goiânia Convention Visitors Bureau.
Ele afirma que, com a atual estrutura do aeroporto, a Capital vem perdendo eventos importantes. Ele aponta que recentemente um congresso nacional de cardiologia que seria realizado em Goiânia com cerca de seis mil participantes foi cancelado devido a insuficiência estrutural do terminal aéreo. "Poderíamos, com um aeroporto reformado, captar em torno de 12 a 15 congressos ao ano em Goiânia, o que representaria mais de R$ 5 milhões em impostos", diz.

Nazir El Haje diz que a única solução para reverter a situação seria a conclusão da reforma do aeroporto. "Eu vejo a Infraero muito limitada judicialmente, mas não podemos ficar presos a isso. Goiânia está pagando muito caro por esse imbróglio".