Com TAV, aviação regional fica esquecida

28/04/2011 - Webtranspo

Executivos questionam investimentos federais

Estima-se que setor precise de R$ 3 bilhões

“É um absurdo pensar que um único projeto (TAV – Trem de Alta Velocidade) tenha R$ 33 bilhões em recursos e 120 aeroportos não recebam os investimentos necessários para atender a demanda”. É com este argumento que Evaristo Mascarenhas, diretor de marketing e vendas da Trip Linhas Aéreas, ressalta a necessidade urgente de recursos para a aviação regional.

Ele argumenta também que é preciso um programa para desenvolver o segmento. “Vamos nos preocupar com 12 aeroportos (para atender a Copa de 2014) e negligenciar os terminais que proporcionam os reais ganhos econômicos ao Brasil?”, questiona.
O executivo destaca que projeções mercadológicas indicam uma necessidade de R$ 3 bilhões em recursos para resolver todos os problemas dos terminais que atendem a aviação regional.

Neste cenário, hoje - com menos de 2% de seus municípios atendidos por operações aéreas regulares - o Brasil vive um grande impasse quando o assunto é o mercado de aviação: investir para melhorar a infraestrutura dos grandes aeroportos ou concentrar as atenções nos pequenos?

Para Francisco Lira, presidente da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), é preciso equilíbrio. Entretanto, o executivo destaca que os terminais de pequenas cidades precisam de recursos tanto quanto os grandes complexos brasileiros.

“Muitas vezes a justificativa para não levar investimentos às cidades do interior é a falta de crescimento local. Porém, não é possível se desenvolver economicamente sem condições para isso e os aeroportos são fundamentais neste processo”, aponta.

Já Mascarenhas, destaca que o Brasil precisa descentralizar as operações aéreas. “Grandes cidades já não conseguem atender a demanda. Não é possível mais negligenciar os aeroportos de municípios do interior do País. Estas regiões também possuem indústrias e potenciais mercadológicos, principalmente quando lembramos a força que o agronegócio tem para a economia brasileira”, destaca.

O executivo ressalta que a empresa pretende estender suas operações no Brasil, entretanto, encontra inúmeras dificuldades em relação a infraestrutura dos aeroportos.

Questionado sobre os locais em potencial que enfrentam estes gargalos o executivo aponta alguns: Paracatu (MG), Boca do Acre (AM), Teixeira de Freitas (BA) e Catalão (GO).

A força da classe C

Além do potencial da geração de negócios em regiões fora dos grandes centros urbanos, Marcarenhas acredita que a expansão do poder econômico da nova classe C vai exigir ações na aviação regional.

“Essa fatia da população já viajou para as praias do Nordeste e até para o exterior, como para a Argentina. Acreditamos que em breve, essas pessoas passem a querer conhecer locais brasileiros, como o Pantanal e a região amazônica”, prevê.

Neste panorama, diretor da Trip, acredita que o cenário futuro será positivo em termos de demanda, mas exigirá esforços para capacitar as cidades para atender este público em termos de infraestrutura aeroportuária.