Noar é a terceira companhia aérea suspensa pela Anac

19/07/2011 - Valor Econômico, Alberto Komatsu

A Noar Linhas Aéreas é a terceira companhia aérea brasileira a ter a sua operação suspensa desde o início das atividades da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em março de 2006. Em junho de 2009, foi a vez de a BRA Transportes Aéreos ter sua concessão cassada. Em dezembro do mesmo ano, a agência deixou de renovar, temporariamente, a concessão da cargueira Master Top Linhas Aéreas (MTA).

Com início de atividades em junho de 2010, a Noar teve sua operação suspensa neste fim de semana, menos de uma semana depois de um acidente com um avião da companhia ter causado a morte de 16 pessoas, em Recife (Pernambuco). A aeronave caiu poucos minutos após ter decolado.

A Anac recebeu denúncias de que possíveis problemas técnicos com outro avião da Noar, o único que restou na frota de duas aeronaves de mesmo modelo, não teriam sido anotados no diário de bordo. A agência recebeu cópias dessas anotações e as anexou ao processo administrativo aberto no dia 13 de julho, data do acidente.

A Noar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que utiliza um "registro auxiliar", conforme o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil, "com a finalidade de apresentar impressões e percepções das tripulações acerca do funcionamento das aeronaves".

Segundo a Noar, "essas impressões e percepções podem se transformar em ordens de serviço, se for necessário, após análise dos especialistas em manutenção da empresa". A companhia acrescenta que o documento contendo essas informações "foi furtado da empresa nos dias subsequentes ao acidente, fato registrado através de Boletim de Ocorrência Policial".

A Anac informou ontem que espera concluir a auditoria na Noar, iniciada no domingo, no prazo de uma semana. Segundo a agência, "o sistema de aeronavegabilidade da Noar está de acordo com os regulamentos vigentes".

A Noar foi criada por um grupo de empresários nordestinos que desembolsou R$ 40 milhões no negócio. O plano de negócios é o de ligar cidades pequenas e médias do Nordeste às capitais da região. A empresa estabeleceu a rota Caruaru (PE) - Recife (PE) - Maceió (AL) e Aracaju (SE), com preços a partir de R$ 99, na estreia de sua operação. O avião escolhido foi o LET 410, fabricado na República Checa, que custa R$ 4 milhões, com capacidade para 19 passageiros. O plano inicial previa uma frota de quatro aeronaves desse tipo.