Embraer planeja nova família de aeronaves de grande porte

01/08/2011 - O Vale, Chico Pereira

Empresa ainda defirá se estende o jato 195 ou desenvolve nova plataforma

A Embraer, de São José dos Campos, decide até o final do ano a estratégia futura que pretende adotar para o mercado de aviação comercial.

A empresa analisa as hipóteses de desenvolver um novo avião para disputar o segmento adjacente ao do jato 195, ou o alongamento desse modelo, o maior fabricado pela fabricante, que tem capacidade para 122 assentos.

A companhia consulta a sua base de clientes para tomar uma decisão.

“A Embraer estuda se ingressará ou não num segmento adjacente ao de seu jato 195. Nesse caso, poderia alongar o 195 --com modificações de motor e asa, entre outros componentes-- ou partir para o desenvolvimento de uma nova plataforma”, afirmou ontem o diretor-presidente da fabricante, Frederico Fleury Curado, em teleconferência, ao comentar os resultados financeiros do segundo trimestre.

O executivo ressaltou que a Embraer acompanha a movimentação de outras fabricantes que atuam no segmento e anunciaram que vão colocar novos modelos no mercado.

Concorrência.A norte-americana Boeing anunciou que planeja colocar um novo motor no modelo 737, que permitirá maior economia de combustível, como forma de assegurar uma encomenda de 200 unidades para a American Airlines.

A europeia Airbus anunciou seu novo modelo, o A320neo, avião com novo motor baseado no A320.

Também a canadense Bombardier, concorrente direta da Embraer no mercado de aviões regionais, está desenvolvendo a família de jatos CSeries, de 100 a 149 assentos.

Custos
Segundo Curado, a opção pelo alongamento do jato 195 exigiria menos investimentos, pois aproveitaria a plataforma do jato, ao contrário da opção pelo desenvolvimento de um novo modelo.

“É evidente que quando se parte para um avião novo você tem muito mais flexibilidade de tamanho e pode incorporar aquilo que você quer. A contrapartida disso é que o investimento é muito maior”, afirmou o dirigente da Embraer.

Curado destacou que eventuais mudanças de rumo não significam que a companhia irá deixar de atuar no segmento de aeronaves de 70 a 120 assentos, em que é líder mundial.

“Temos uma base de 60 clientes. Essa base será protegida. A decisão será em consistência e em benefício dos nossos clientes atuais”, disse.

Segundo ele, a família de E-Jets da Embraer tem potencial de mercado para os próximos 30 a 40 anos.

Balanço
Sobre os resultados financeiros da companhia no segundo trimestre, Curado destacou que a revisão para cima da projeção da receita em dólares resultará principalmente dos segmentos da aviação comercial e de defesa.

A empresa projeta uma receita de US$ 5,8 bilhões, ante US$ 5,6 bilhões iniciais.

A fabricante fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 153,8 milhões, com aumento de 51,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Foram entregues 48 aviões no período.

Fábrica chinesa inicia produção de modelos executivos em 2013
São José dos Campos

As negociações da Embraer com a China para a fabricante brasileira produzir jatos executivos no país devem ser concluídas em três meses.

A expectativa da empresa é chegar a um bom entendimento com o governo e parceiros chineses para formalizar o contrato do acordo que possibilitará à indústria dar continuidade aos planos de permanecer em território chinês.

O diretor-presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, disse ontem que, se tudo correr de acordo com os planos da empresa, os primeiros jatos executivos começarão a ser produzidos em 2013.

A fabricante pretende produzir modelos da família Legacy. Os modelos que poderão ser fabricados para o mercado chinês são o Legacy 600 e o Legacy 650.

“Foi assinado um memorando de entendimentos com a China. Agora estamos na fase de negociações”, afirmou.

A Embraer acertou em abril a continuidade de sua fábrica na cidade chinesa de Harbin, com a adaptação da unidade para montagem dos jatos executivos Legacy.

A joint-venture chinesa da Embraer com a estatal Avic, criada em dezembro de 2002, produzia o avião comercial ERJ-145, de 50 assentos. Sem novos pedidos, havia o risco de a fábrica fechar.

Balanço

Receita Líquida
2º trimestre: R$ 2,1 bilhões
1º  trimestre: R$ 1,7 bilhão

Lucro Líquido
2º  trimestre: R$ 153 milhões
1º trimestre: R$ 174 milhões

Acumulado
Receita: R$ 3,925 bilhões
Lucro: R$ 328 milhões

Entrega de aeronaves
1º trimestre: 28
2º trimestre: 48
Carteira de pedidos
Valor: US$ 15,8 bilhões

Aeronaves
Comercial: 1.003
Projeção de receita
Inicial: US$ 5,6 bilhões
Revisão: US$ 5,8 bilhões

Mercado
Empresa afirma que o mercado internacional da aviação está se recuperando, após a crise de 2008/2010. No primeiro semestre, a fabricante computou a venda de 62 jatos