Fluxo de passageiros deve aumentar 10% no Brasil

02/01/2012 - Valor Econômico

Por Alberto Komatsu

O transporte aéreo de passageiros no país encerrou 2011 com crescimento próximo a 20%, o terceiro ano consecutivo de desempenho nesse patamar, confirmando o Brasil como um dos mercados que mais crescem no mundo. O clima de incerteza deverá frear o ritmo de expansão em 2012 para um nível perto de 10%, no fluxo de passageiros transportados. Apesar de representar a metade das taxas obtidas desde 2009, é um desempenho acima da média mundial, mas abaixo da previsão inicial de expansão de até 15% para 2012.

"Vemos que o mercado doméstico continua forte, reflexo da nova classe média que está substituindo o ônibus pelo avião", disse o presidente da TAM, Líbano Barroso.

Por outro lado, os sinais de desaceleração da economia mundial levaram a algumas desistências de negócios no Brasil. Foi em 2011 que a American Airlines, a terceira maior companhia aérea dos Estados Unidos, pediu concordata.

Diante do cenário de desaceleração, as duas maiores companhias aéreas do país, TAM e Gol, desistiram de incorporar aviões novos. O objetivo é aumentar a rentabilidade para reequilibrar seus resultados financeiros. TAM e Gol acumulam um prejuízo líquido combinado de R$ 1,2 bilhão de janeiro a setembro, sendo R$ 843,2 milhões da Gol e R$ 430,5 milhões para a TAM.

A maior parte do crescimento de oferta previsto para 2012, portanto, estará nas mãos das empresas de médio porte, em busca de mercados regionais, os que mais têm crescido no transporte aéreo. A Azul Linhas Aéreas, por exemplo, vai incorporar até 22 aviões em 2012, totalizando 71 aeronaves na frota. Até 2013, a regional Trip Linhas Aéreas deverá receber 24 aviões novos, o equivalente a uma frota com 79 aviões ao fim desse período.

Este ano de 2012 será peculiar para a aviação nacional e mundial. Espera-se para meados de abril a conclusão da fusão entre a chilena LAN Airlines e a TAM Linhas Aéreas, criando um dos 20 maiores grupos aéreos do mundo, a Latam. Nos Estados Unidos, será o primeiro ano de operação da American Airlines em regime de concordata.

A terceira maior companhia aérea americana, por meio de sua controladora AMR, entrou com pedido de concordata no dia 29 de novembro, quando reportou ativos de US$ 24,7 bilhões, mais dívidas de US$ 29,5 bilhões.

A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) prevê um ano de muitas dificuldades. No início de dezembro, a entidade reduziu a estimativa inicial de lucro do setor, de US$ 4,9 bilhões, para US$ 3,5 bilhões. Na América Latina, o corte foi de US$ 400 milhões, de US$ 600 milhões para US$ 200 milhões.

"O ritmo de crescimento nos mercados de passageiros tem mergulhado e o negócio de fretes está agora diminuindo a um ritmo mais rápido. Com a confiança dos empresários e dos consumidores continuando a cair globalmente, não há muito otimismo para condições melhores em breve", afirmou, em outubro, o diretor-executivo da Iata, Tony Tyler.

Se por um lado 2012 será um ano de desaceleração da demanda e de consolidações no setor, por outro será o ano em que as companhias terão margem para reajustar seus preços, no mercado brasileiro. Pesquisa da Carlson Wagonlit Travel (CWT) mostra que os reajustes de bilhetes aéreos poderão alcançar o teto de 6,9% em 2012.

Ficou para 2012 a definição de duas estratégicas negociações da aviação brasileira, a compra da Webjet pela Gol e a compra de 31% da regional Trip pela TAM. O desfecho desta última estava previsto para até o fim de 2011, mas a TAM desistiu de concluir a negociação e não há mais prazo para que isso aconteça.

No caso da Webjet, a integração com a Gol foi suspensa temporariamente no fim de outubro até que seja analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Este ano de 2012 para a Gol também será o primeiro após a americana Delta Airlines ter adquirido 2,9% das ações da companhia, por US$ 100 milhões. O negócio foi anunciado no início de dezembro.