Heliponto na Lagoa vira alvo de protesto

06/02/12 - O Globo

Irritados com barulho e preocupados com riscos, moradores do Humaitá e do Jardim Botânico pedem fim de decolagens

Mariana Belmont

Moradores do Humaitá e do Jardim Botânico na manifestação: eles alegam que heliponto é irregular


Paulo Nicolella / O Globo

RIO - Associações de moradores do Humaitá e do Jardim Botânico fizeram, na manhã de domingo, uma manifestação em frente ao heliponto da Lagoa, na Avenida Borges de Medeiros, contra os pousos e decolagens naquele local. Cerca de 50 pessoas participaram do protesto, organizado pela Associação de Moradores e Amigos do Alto Humaitá (Amah), Associação de Moradores e Amigos do Humaitá (Amahu) e pela Associação de Moradores do Jardim Botânico (Ama-JB).

Conselheira da Amah, Cinthia Barki afirma que o problema vai além do intenso barulho provocado pelas aeronaves. Ela alega que o heliponto funciona de maneira irregular desde 1990. Segundo Cinthia, a empresa de turismo de helicópteros que opera o espaço, a Helisul, iniciou suas atividades sem licitação.

— Moramos numa região em que o som das aeronaves ecoa, porque é um vale. Há uma rota que cruza o Humaitá, os helicópteros passam por cima de muitos prédios — disse a conselheira da Amah.

Ruído dos helicópteros chegaria a 185 decibéis

De acordo com Cinthia, o barulho provocado pelo pouso ou pela decolagem de um helicóptero chega a 185 decibéis, o que causa danos à audição.

— Uma série de normas não está sendo seguida. Além de incomodar os moradores da região, o barulho causa desequilíbrio ecológico. O local no qual o heliponto está instalado é uma área de proteção ambiental. Há uma ação correndo no Ministério Público estadual, apresentada pelo promotor Carlos Frederico Saturnino em 2008, que tem como objetivo o fechamento do heliponto — informou.

Moradores da Rua Viúva Lacerda, no Humaitá, o cineasta e professor de filosofia Geraldo Motta e sua mulher, a professora de ioga Deborah Weinberg, aderiram à causa. Há três semanas, eles criaram no Facebook a página "Rio livre de helicópteros", que tem 83 membros.

— Estamos extremamente incomodados com a quantidade de helicópteros que passam diariamente sobre nossas cabeças. Antigamente, helicóptero era um veículo de uso eventual, para uma emergência — afirmou Motta.

O GLOBO fez, no domingo, várias ligações para a Helisul, mas nenhum funcionário da empresa foi localizado para comentar o assunto.