Massificação do serviço

05/02/2012 - Folha de São Paulo

É nos momentos de caos que ficam evidentes as deficiências dos aeroportos

VAGUINALDO MARINHEIRO

Virou moda dizer que os aeroportos do Brasil se transformaram em rodoviárias, o que significaria lugares lotados, sujos e "com gente feia", como definiria uma das integrantes do "reality show" "Mulheres Ricas", da Band.

Culpa da popularização dos voos, com o inchaço da classe média, afirmam.

Se antes voar era coisa de rico, hoje há venda de passagens aéreas dentro da estação Sé do Metrô.

O total de passageiros no Brasil saltou de 71 milhões em 2003 para 179 milhões no ano passado -crescimento de 152%, segundo a Infraero.

Bom para o país, mas apareceu um efeito colateral indesejado: como quase sempre acontece, a massificação do serviço foi acompanhada de queda na qualidade.

Há vários critérios internacionais para avaliar um aeroporto, e os brasileiros apresentam problemas em vários.

Da falta de vagas em estacionamento à disponibilidade de carrinhos para malas cujas rodas funcionem até a limpeza de banheiro e o preço praticado por bares e restaurantes. Fora sinalização deficiente, transporte público precário e filas para táxi.

O Aeroporto Internacional de São Paulo (Cumbica) é o mais movimentado da América Latina e também aquele que apresenta maior percentual de voos atrasados entre os maiores do país, afirma a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

No último relatório disponível consta que cerca de um quarto dos voos saiu com atraso em 2010.

Pelos critérios da agência, é considerado pontual o voo doméstico cuja "partida dos motores ocorra até 10 minutos antes ou até 15 minutos após a hora prevista". No caso de voos internacionais, a tolerância é de 30 minutos.

O número destoa da percepção dos passageiros porque a Anac não coloca em suas estatísticas os atrasos provocados por problemas climáticos nos locais de partida ou chegada.

ENTRETENIMENTO

É nos momentos de caos, quando muitas partidas são canceladas, que ficam mais evidentes as deficiências dos aeroportos.

Alguns pelo mundo tentam minimizar os efeitos, com restaurantes melhores, cinema, área de entretenimento para crianças e até academia de ginástica. Mas esses confortos pouco ajudam aqueles que querem apenas sair logo dessas ''rodoviárias".

"Se antes voar era coisa de rico, hoje há venda de passagens aéreas dentro da estação Sé do Metrô"