Azul amplia frota e contratações mesmo com desaceleração do setor

10/05/2012 - Valor Econômico

"A economia vai melhorar", disse ontem David Neeleman, da Azul, que planeja contratar cerca de 300 tripulantes

Por Felipe Machado

Apesar da recente desaceleração do fluxo de viagens aéreas no país, a Azul acredita no aumento da sua demanda para os próximos meses. O presidente do conselho de administração e fundador da companhia, David Neeleman, aposta no crescimento das cidades médias, foco da empresa, e prevê um desempenho mais forte do país até o fim do ano.

"A economia vai melhorar", disse ontem. A Azul planeja contratar cerca de 300 tripulantes ao longo do ano, por causa da expansão da sua frota e das rotas que opera. A empresa pretende fechar 2012 com 63 aeronaves, um crescimento líquido de 12 unidades diante de 2011.

A TAM e a Gol estimam redução na oferta de assentos de até 2% em 2012. De janeiro a março, a Gol dispensou 300 tripulantes para se adequar a redução de 10% de sua malha de voos. A demanda doméstica teve alta de só 1,27% em março, na comparação anual, o pior resultado desde maio de 2009.

Para o diretor de comunicação da Azul, Gianfranco Beting, o momento é de expandir. "Quem está na contramão, são eles [os concorrentes]", considera. As companhias aéreas de médio porte foram as que mais cresceram no período. A Avianca teve a maior alta de demanda em março em relação ao mesmo mês do ano passado, de 131%, seguida de Trip e Azul, com 68,7% e 31,8%, respectivamente.

A Azul anunciou ontem a criação de uma escola para profissionais de aviação, a Academia de Serviços Azul (ASA). O objetivo é facilitar o acesso à formação em uma área cuja demanda não está sendo atendida pelo mercado.

Neeleman diz que, embora não haja compromisso de contratação, a possibilidade dos graduados serem chamados pela Azul é grande, pois a formação é compatível com a demanda atual da empresa. "Nós não vamos treinar mais que precisamos", afirma. Serão abertas, inicialmente, 20 vagas para o curso de pilotos e 25 para o de comissários. As aulas serão feitas em parceria com a EJ Escola Aeronáutica, de Itápolis (SP), e poderão ser financiada pelo Santander. O curso de piloto dura dez meses e o preço das aulas é de R$ 81,6 mil.

A Azul tem cerca de 10% do mercado e, segundo Beting, embora planeje crescer, não o fará a qualquer custo. "Não vamos comprar participação de mercado." A companhia prevê operar em dez novas cidades este ano e não descarta abrir uma rota para Punta del Este, para funcionar na alta temporada.