Azul e Trip criam nova força no setor aéreo brasileiro

30/05/2012 - Reuters

 “Está nascendo a terceira força da aviação brasileira”, afirmou Renan Chieppe, Presidente do Conselho de Administração da Trip, referindo-se à união das companhias aéreas Azul e Trip, anunciada nessa segunda-feira (28.05). Chieppe passa a fazer parte do Conselho de Holding Azul Trip S.A, a ser presidido por David Neeleman, fundador da Azul.

Esta união dará origem a um grupo com receita de R$ 4,2 bilhões neste ano, e cerca de 15% do mercado doméstico de aviação. O acordo não envolve desembolso de capital; os atuais sócios da Azul terão 66% de holding e os acionistas da Trip 44%.

Chieppe declarou que, desde a semana passada, a Skywest -- empresa que tinha 26% da Trip – não tem mais participação acionária na companhia, após a Trip Participações readquirir a porcentagem por um valor não divulgado.
 
Especialistas vêem esta união como algo positivo para o mercado e percebem uma possibilidade de a empresa passar a ter mais condições de reduzir custos, principal entrave para todo o setor.
"Aumentamos o número de grandes 'players'. Um terceiro (player) seria importante, porque apesar de as empresas já existirem, as participações são muito fracionadas", afirmou o professor Paulo Resende, especialista em transportes da Fundação Dom Cabral. "Azul e Trip juntas terão poder de escala, volume e podem trazer uma concorrência interessante em questão de tarifas e malhas aéreas", completou.
 
Apesar de a liderança ser disputada entre TAM e Gol, com cerca de 40% cada uma, a nova parceria absorve fatia significativa do setor. Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a Azul terminou o mês de abril com uma participação de 9,94%, enquanto a Trip, de 4,29%. Com essa união, as duas empresas ficam com 14,2% dos passageiros transportados no Brasil, volume registrado no mês passado.
 
A holding Azul Trip S.A. nasce com 8,7 mil funcionários, 96 destinos e 112 aviões -- sendo 62 da Embraer e 50 turboélices da ATR. São 837 vôos diários e 316 diferentes rotas e, apesar de atualmente, 15% das rotas das duas empresas serem comuns às duas empresas, Neeleman garantiu que a empresa tem como objetivo criar novas frequências, e não reduzir.
As companhias continuarão a operar de forma independente até que o negócio seja aprovado por órgãos competentes como a ANAC e o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A expectativa das companhias é de rápida aprovação da operação.
 
Segundo Neeleman, até 2015, a Azul Trip S.A. não deve adquirir aviões que não sejam Embraer e ATR. "Mas temos tempo para pensar sobre isso", disse, sobre a possibilidade de parceria com outros fabricantes de aeronaves.
 
O presidente da Trip, José Mario Caprioli, afirmou que a nova holding "honrará todos os seus contratos", o que inclui o acordo de compartilhamento de voos previamente feito com a TAM. "O acordo (com a TAM) continua em vigor", afirmou.
 
Em março do ano passado, Trip e TAM iniciaram conversas que poderiam resultar na compra de uma fatia de 31% na primeira pela segunda. Segundo Caprioli, diante da união de Trip e Azul, tal operação com a TAM "não deve prosseguir".
 
Fonte: Agência Reuters