Em SP, três aeroportos estão no limite

Webtranspo/ Foto: divulgação

Em cinco anos, sete terminais cresceram acima do esperado -

Área oferecida aos passageiros também inadequada.

Nos últimos cinco anos, sete aeroportos do total de 32 localizados em São Paulo apresentaram um crescimento acima do esperado. Com isso, três deles se demonstram saturados, os de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, e outros três seguem pelo mesmo caminho os de Araçatuba, Marília e Sorocaba. Dos apontados com expansão além do imaginado no período, apenas o de Bauru que se demonstra condizente com a sua demanda. Estas informações são de um estudo realizado por Mozart Mascarenhas Alemão, especialista em projetos e consultorias especiais aeroportuárias e ex-superintendente de Viracopos.

De acordo com o levantamento, os prognósticos do Plano Aeroviário do Estado de São Paulo, de 2007, foram superados para os aeroportos de Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Em apenas cinco anos, entre 2007 e 2011, o número de passageiro transportado cresceu, respectivamente, 43%, 30% e 20%.

A pesquisa ainda aponta que, nestes terminais, o tamanho da área oferecido não é o mais indicado para o volume de passageiros. O de Ribeirão Preto, por exemplo, que dispõe de três metros quadrados por passageiro deveria ter, no mínimo, 11.701 metros quadrados. Ou seja, precisaria de um espaço 304% maior. Já São José Rio Preto e Presidente Prudente deveriam ser ampliados para, no mínimo, 331% e 198%, respectivamente. Isso se considerada apenas a demanda atual.

De acordo com Alemão, a expansão destes aeroportos foi em função da entrada agressiva das companhias Trip, Azul e Passaredo no interior do Estado há quase dois anos. Segundo ele, apesar do mercado doméstico passar por uma ligeira retração, a tendência é de crescimento. O especialista acredita que a única forma de fazer os investimentos necessários nestes três terminais é por meio do capital privado. “O poder público não tem a agilidade necessária para acompanhar os investimentos das companhias aéreas”, afirmou, citando como exemplo o fato de a Infraero não ter conseguido alocar os R$ 222 milhões disponíveis para investimentos em infraestrutura entre 2008 e 2012.

Esta situação pode ainda não ser um fenômeno exclusivamente paulista. De acordo com os dados da ANAC de 2010, em algumas regiões brasileiras, o número voos realizados internamente tem sido quase tão expressivo quanto o dos voos para outros Estados. No Nordeste, por exemplo, 34% dos voos são feitos dentro da região. Por lá, este índice só é menor que os voos com destino ao sudeste, que representam 49%. No Norte, o transporte de passageiros na região representa 48%, enquanto que para o sudeste, 17%.

“Se a projeção da Boing para os próximos 20 anos se mantiver correta para a América Latina, teremos um crescimento anual de 7%, ou seja, a cada seis anos praticamente dobraremos o número de passageiros transportados”, diz Alemão. “O mercado doméstico cresceu numa média de 12% ao ano; já o internacional se manteve em quase 7% – mesma taxa dos últimos dez anos – o que evidencia a necessidade de dar mais atenção para os aeroportos regionais”, completa.