Ampliação vai ficar para depois da Copa

24/08/2012 - O Estado de S.Paulo

Infraero diz que Congonhas, 2º terminal mais movimentado do País, não é 'fundamental'

Prometida para 2013, a ampliação do Aeroporto de Congonhas ficou para depois da Copa. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) vai começar uma obra para aumentar em 6 mil m² a área de check-in do aeroporto, a um custo de R$ 83 milhões. A reforma, porém, só começa "entre 2014 e 2015", segundo a Infraero, e vai durar dois anos.

O projeto de ampliação está em fase inicial de elaboração na área técnica da Infraero em Brasília e significa uma mudança de planos da estatal. Em 2010, a Infraero elaborou um plano de obras baseado em um estudo da consultoria McKinsey, que havia sugerido o aumento de 25% de balcões de check-in - passariam dos atuais 80 para 100. A reforma foi prometida para fevereiro deste ano e serviria principalmente para desafogar o aeroporto para a Copa.

Mas o mesmo estudo sugeria que Congonhas - e também o Santos Dumont, no Rio, e Pampulha, em Belo Horizonte - não era "fundamental" para a Copa como os aeroportos internacionais. A Infraero então fez um novo planejamento e excluiu da lista de prioridades o aeroporto doméstico de São Paulo, o segundo do Brasil em número de passageiros: 16,7 milhões por ano. Perde apenas para Cumbica, em Guarulhos (30 milhões).

Em todo o pacote de obras para Congonhas entre 2009 e 2013, a Infraero previa gastar R$ 284 milhões. Mas a única que vingou foi a construção de uma nova torre de controle, que ficou pronta com dois anos de atraso e vai ser inaugurada no mês que vem. Custou R$ 14 milhões.

Uma revitalização do pavimento das pistas e das saídas de táxi, que custaria R$ 1,5 milhão, e obras de ampliação do terminal de passageiros (R$ 250 milhões), com previsão para dezembro do ano que vem, saíram dos planos, pelo menos até a Copa de 2014.

Outras propostas. Não é a primeira vez que o governo muda de ideia em relação à ampliação de Congonhas, um aeroporto cuja localização polêmica, no meio da cidade, ficou ainda mais evidente depois do acidente da TAM, há cinco anos. Além disso, está sempre na mira dos vizinhos, que reclamam do barulho dos aviões.

Em 2009, um ano depois de anunciar uma ampliação de pistas do aeroporto - que exigiriam a desapropriação de cerca de 2 mil imóveis para a criação de uma área de escape -, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, redimensionou o projeto para afetar um número menor de vizinhos.

Por pressão das associações de moradores, a obra jamais saiu do papel. Outro entrave é que, até então, o aeroporto não tinha nem alvará de funcionamento - e por isso não podia pleitear reformas. Somente no fim de 2009 a Prefeitura de São Paulo aprovou o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) apresentado pela Infraero e concedeu a Licença Ambiental de Operação ao aeroporto.

Mais voos. Em abril, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou mais 119 pousos e decolagens nos fins de semana em Congonhas, acréscimo dentro do permitido, mas que até então as companhias aéreas não tinham tido interesse em utilizar. / NATALY COSTA