Empresa sul-africana dá início a obra em Guarulhos 

06/09/2012 - O Globo

Aeroporto ganhará um 3º terminal e hotel 5 estrelas até a Copa
LINO RODRIGUES
llino.rodrigues@sp.oglobo.com.br
GERALDA DOCA
geralda@bsb.oglobo.com.br 

ELIÁRIA ANDRADE 

Homens trabalhando. Guarulhos já começa a se preparar para receber a Copa do Mundo 

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- A empresa sul-africana ACSA, que venceu o leilão para administrar o Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior da América Latina, anunciou ontem o início das obras de ampliação e reforma, que incluem a construção de um terceiro terminal de passageiros, com hotel cinco estrelas e capacidade para receber 12 milhões de pessoas/ano, e de um edifício-garagem, com cinco pavimentos e 3.300 vagas. A promessa é concluir a primeira fase das obras, que prevê ainda o alargamento de uma das pistas para suportar aviões como o gigante A380, até o primeiro trimestre de 2014, três meses antes do início da Copa do Mundo.

Com investimentos previstos de R$ 3,5 bilhões até o fim da concessão, em 2031, o plano de expansão do aeroporto até 2014 vai custar R$ 2,6 bilhões e permitir ampliar a capacidade anual de transporte de passageiros dos atuais 30 milhões para 44 milhões. Até 2031, serão 60 milhões. Para suportar os desembolsos iniciais, o presidente da concessionária, Antonio Miguel Marques, disse que a meta é triplicar o faturamento do aeroporto, estimado em R$ 1,2 bilhão em 2012, nos próximos cinco anos. A ideia é inverter a composição de receita, hoje ainda administrada pela estatal Infraero, que se tornou sócia, com 49%. A concessionária prevê que 70% da receita venham dos pontos comerciais e 30%, das tarifas aeroportuárias.

— Nosso plano de negócios segue o conceito dos aeroportos asiáticos. Com isso, esperamos triplicar as receitas em cinco anos — disse Marques.

MONOTRILHO: LICITAÇÃO AINDA ESTE ANO

Pelos planos da nova concessionária, que até fevereiro será monitorada pela Infraero, os terminais existentes (1, 2 e 4) terão novas funções, passando por reformas e modernização para atender a padrões internacionais e dar mais conforto aos passageiros. Os terminais 1 e 4 serão exclusivos para voos domésticos; o 2 será misto: domésticos e internacionais de menor distância; o 3, a ser construído, será exclusivamente para voos internacionais de longa distância e aviões de grande porte.

Após 2014, as obras prosseguem com a expansão do terminal 3 e a construção de outros dois hotéis (3 e 4 estrelas) nas proximidades do aeroporto, além da transferência do terminal de cargas para uma área mais ampla. Também estão previstas a ampliação dos acessos viários e internos (monotrilho) aos terminais e uma estação de trem. A licitação desta está prevista para ocorrer ainda este ano, o que permitiria sua implantação até 2014, antes da Copa.

TCU NÃO IMPEDIRIA LEILÃO DO GALEÃO

Enquanto isso, com relação aos aeroportos do Galeão (Rio) e Confins (Belo Horizonte), o Tribunal de Contas da União (TCU) considera possível que um grande operador aeroportuário assuma os terminais pelo modelo tradicional de concessão. Segundo um interlocutor, o TCU não colocará empecilhos caso o Executivo adote o mesmo modelo usado em Guarulhos, Brasília e Viracopos para transferir Galeão e Confins à iniciativa privada, adotando regras mais rígidas no edital para atrair um gestor de grande porte. Ou seja, exigir que apenas participem da disputa empresas com experiência de mais de 30 milhões de passageiros por ano. A justificativa é que essa exigência não limitaria a concorrência, já que há no mercado global pelo menos meia dúzia de operadores com essa característica.

— O TCU não vai se opor. Basta apenas que o governo dê uma boa justificativa técnica, mostrando por que a qualificação dos interessados é um item indispensável — disse uma fonte.

Na concessão de Guarulhos, Viracopos e Brasília, em fevereiro, foi exigida experiência mínima no gerenciamento de cinco milhões de passageiros por ano. Isso abriu espaço para a entrega dos aeroportos a concessionárias com pouca experiência — muito abaixo da Infraero, a terceira maior do mundo, responsável por um volume de 180 milhões de usuários por ano.

Para evitar que isso se repita, a presidente Dilma Rousseff determinou aos assessores a elaboração de um modelo alternativo, mantendo a Infraero como majoritária num esquema de parceria com um grande sócio privado. Mas essa proposta enfrenta dificuldades, já que os investidores potenciais querem ter plena autonomia.

Por isso, a tendência é que o governo desista de um modelo alternativo e adote a concessão tradicional para Galeão e Confins. Embora Dilma ainda não tenha “jogado a toalha”, dizem fontes, ela determinou que outras empresas sejam sondadas, depois do resultado desanimador da missão enviada à Europa para encontrar um sócio para a Infraero. A alemã Fraport, a francesa ADP e a holandesa Schiphol não demonstraram interesse.

Ainda falta a Changi, que administra o Aeroporto de Cingapura, ser sondada. Mas consultores do mercado veem pouca chance de êxito. A possibilidade de Aena (Madri) e ADC (Houston) serem contatadas não foi confirmada pela Secretaria de Aviação Civil (SAC). l

Números

3,5 BILHÕES DE REAIS
É o investimento previsto até 2031

44 MILHÕES DE PASSAGEIROS
Será a capacidade do terminal após as obras