Confins é bola da vez para as companhias aéreas

28/09/2012 - Estado de Minas

Com combustível mais barato e centro de manutenção, terminal atrai voos, num movimento iniciado pela Gol

Sílvio Ribas - Estado de Minas
Geórgea Choucair - Estado de Minas

Hangar com aeronaves para reparo e ICMS mais baixo sobre querosene são atrativos para companhias

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, ganha força para se tornar um dos principais hubs (ponto de conexão) do país. O aeroporto tem a seu favor a localização estratégica, o centro nacional de manutenção da Gol e a taxa competitiva do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o querosene de aviação, hoje em 11%, um ponto abaixo do piso em razão de ser área industrial. As companhias aéreas começam a se movimentar para transferir voos de outros estados para Confins. A iniciativa acontece principalmente com a Gol, que já reduziu 10% dos voos em Brasília, que devem ser levados para a Grande Belo Horizonte. A medida poderá estimular outras a seguir o mesmo caminho e abrir espaço para voos com taxas mais competitivas em Confins.

"Todo o planejamento feito para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves foi no sentido de consolidar o empreendimento como o novo hub na Região Sudeste do Brasil. Isso é muito importante para a economia do estado e para colocar a capital como uma das cidades globais da América do Sul, com crescente acesso à malha internacional", afirma Luiz Antônio Athayde, subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. Ele ressalta que as vantagens de Confins não se resumem a aspectos tributários. "Estamos na metade da distância de outras importantes cidades brasileiras", afirma.

Qualquer pouso de avião nas pistas de Confins, diz Athayde, custam cerca de US$ 500 a menos do que em São Paulo, em função da aproximação mais fácil. "O esforço do governo é que o aeroporto seja o motor de diversificação da economia", avalia. O trabalho de fortalecimento do aeroporto de Confins começou desde que a Gol trouxe o centro de manutenção para a vizinhança. "E a Boeing Internacional vai fazer também a manutenção de suas aeronaves no centro da Gol. Essas decisões estão dentro do projeto de transformar Confins em um dos principais aeroportos do país", afirma Roberto Fagundes, presidente da Associação Comercial de Minas (ACMinas) e do BH Convention & Visitours Bureau.

O risco de perder espaço na malha leva os governos de outros estados a se movimentarem. O governo do Distrito Federal está avaliando o pedido das maiores companhias aéreas para reduzir a alíquota do ICMS sobre o querosene de aviação dos atuais 25%, a maior do país, para o piso de 12%. O percentual médio está em 19%.

Sob o impacto da disparada, nos últimos anos, dos seus custos, 70% atrelados ao dólar, sobretudo o combustível, as companhias aéreas têm tentado estabelecer canais de diálogo com os governos das diferentes unidades da Federação, sobretudo as de maior ICMS sobre o querosene, como São Paulo, Amazonas e o Distrito Federal. A maior motivação veio das expressivas perdas financeiras das empresas. Apenas no segundo trimestre, as líderes TAM e Gol registraram prejuízos somados de R$ 1,6 bilhão, puxados justamente pelo preço do querosene.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, explica que, após a desoneração da folha de pagamento, obtida recentemente com o governo federal, a prioridade passou a ser a discussão com a Petrobras de nova fórmula de cálculo do preço do combustível, além do esforço por unificação do ICMS sobre o querosene de aviação, na alíquota de 12%. Ele ressalta que o ganho de escala da aviação civil já justifica visão estratégica dos governos federal e estaduais.



Marcelo Almirante
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