Uruguai liquida companhia aérea Pluna, que suspenderá os voos

05/07/2012 - O Globo

Empresa perdeu mais de US$ 100 milhões entre 2007 e 2012, por queda de demanda

Balcão vazio da Pluna no aeroporto de Buenos Aires, em junho de 2011
DANIEL GARCIA / AFP

MONTEVIDÉU — O governo uruguaio decidiu nesta quinta-feira liquidar a companhia aérea Pluna, que anunciou a suspensão de todos os seus voos por conta dos sérios problemas financeiros que a empresa enfrenta. De acordo com uma fonte do governo uruguaio, a Pluna, que tem uma frota de 13 aviões Bombardier CRJ900 Nextgen que conecta Montevidéu a cidades de Argentina, Brasil e Chile, suspenderá seus voos na sexta-feira ao meio-dia, no horário de Brasília.

— A situação econômico-financeira da empresa torna impossível garantir uma operação adequada — indicou a companhia por meio de um comunicado, no qual esclareceu que a suspensão dos voos é de "indefinidamente."

O Estado uruguaio é o único administrador da Pluna desde meados de junho, quando o fundo de investimento que detinha 75% da companhia abandonou sua participação após se negar a capitalizá-la. Uma agência estatal controlava a fatia de 25% restante.

— A empresa era insolvente e sua situação atual está muito comprometida. Não se pode financiar a operação, não há liquidez, e nesta situação (a companhia aérea) não pode continuar voando — disse à Reuters a fonte do Poder Executivo sob condição de anonimato.

Está previsto que o Conselho de Ministros elabore na segunda-feira um projeto de lei que contemple um chamado aos interessados para criar uma nova companhia aérea com participação estatal, uma proposta que conta com o aval do presidente do Uruguai, José Mujica. O governo uruguaio buscou um sócio para injetar fundos na problemática companhia aérea, mas seus esforços fracassaram. A petroleira estatal Ancap ameaçou várias vezes cortar o abastecimento de combustível à empresa por falta de pagamento.
O plano do governo uruguaio era tentar fechar um acordo com a empresa canadense JazzAir, que segundo a imprensa uruguaia já teria desistido da negociação, ou com o empresário Juan Carlos López Mena, dono da pequena companhia aérea Buquebus (BQB), mas que detém o controle. Se isso não for possível, o governo pretende recuperar parte do dinheiro investido na empresa vendendo seus ativos, como os aviões.

Questionado pelo semanário Búsqueda sobre qual seria o destino da companhia aérea, o presidente uruguaio José Mujica se limitou a dizer:

— O presidente não é partidário de continuar perdendo dinheiro.
A Pluna registrou prejuízo de mais de US$ 100 milhões entre 2007 e 2012 por conta da queda de demanda de passagens, consequência da desaceleração das economias da região, o alto preço de combustível e problemas de tráfego aéreo.

— Não temos como continuar voando ... Não há norma que permita ao governo colocar dinheiro dentro da empresa. A única maneira era com a capitalização do privado e o Estado colocando a sua parte — disse a fonte do governo.

A Pluna ainda não definiu como irá ressarcir os passageiros afetados pela suspensão dos voos. O sindicato dos funcionários da companhia fez uma paralisação na quarta-feira e quinta-feira em defesa dos empregos, o que obrigou o cancelamento de 60 voos.