Avianca vai ampliar oferta em 30% no País

26/10/2012 - O Estado de S.Paulo

Na contramão do mercado, empresa aposta no conforto para crescer mesmo com a crise

GLAUBER GONÇALVES

Num dos piores anos para as companhias aéreas brasileiras, a Avianca resolveu lançar mão de uma estratégia diferente daquela que seus concorrentes estão implementando. Depois de praticamente dobrar de tamanho este ano, a aérea quer aumentar sua oferta de assentos em 30% em 2013, num momento em que as gigantes do setor cortam capacidade para se recuperar de uma sequência de prejuízos.

O vice-presidente comercial da empresa, Tarcisio Gargioni, garante que a receita - destoante da usada pelo mercado - vai resultar em um ano de equilíbrio financeiro. Ou seja, a empresa espera fechar o ano sem perder dinheiro, mas também não deve ganhar. Se confirmado, o "zero a zero", que num ano normal seria considerado um resultado medíocre, pode se tornar motivo de inveja para as gigantes do setor, cuja perspectiva é continuar no vermelho este ano.

A explicação de Gargioni para o resultado acima da média da concorrência é uma só. As aeronaves da Avianca decolam dos aeroportos com taxa de ocupação superior às do mercado. Entre janeiro e agosto, a empresa dos irmãos Efromovich atingiu um aproveitamento de 78%, 8 pontos porcentuais a mais que a Gol e sete acima do registrado pela TAM, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

"Nosso nível de ocupação não diminuiu, mesmo com nosso crescimento (...) Isso quer dizer que o mercado está aceitando nosso modelo de negócios", disse ontem Gargioni, durante a feira da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav), no Rio de Janeiro.

Diferencial. O trunfo da Avianca para encher os aviões, segundo ele, é vender um serviço diferente do oferecido pela concorrência. Nos últimos anos, a companhia elevou o nível de conforto de seus aviões para atrair um passageiro mais exigente. "O Brasil tem milhões de pessoas com mais de 60 anos que viajam muito, têm poder aquisitivo e querem mais conforto", diz ele sobre um dos nichos que a empresa se dispôs a atender.

O público-alvo da empresa também é composto ainda por jovens executivos e recém-casados que viajam com filhos. Questionado se esse mercado é muito restrito, ele disse que há espaço para continuar crescendo, mas ressaltou que a deficiência da infraestrutura aeroportuária nas capitais pode ser um freio.

Apesar de afirmar que o enxugamento da malha aérea, como têm feito Gol e TAM, não ser a única receita possível para o atual momento, o especialista em transporte aéreo Anderson Correia classifica como arriscada a estratégia de aumentar a oferta num momento em que há excesso de assentos no mercado. "Ou a Avianca está mirando um mercado que vê como promissor, ou a intenção da empresa é apenas estar mais presente no mercado brasileiro", disse Correia. A participação da empresa no mercado doméstico passou de 2,54%, no começo do ano passado, para 5,10% em agosto último.

Star Alliance. Sobre a entrada da companhia da aliança global StarAlliance, a exemplo do que fez a Avianca colombiana, Gargioni diz só estar a espera da decisão da TAM para definir o futuro da operação brasileira. A expectativa é de que, depois da fusão com a chilena LAN, a TAM migre para a aliança OneWorld.

O executivo disse ainda que a tendência é de uma união com a sua operação colombiana. Apesar de terem os mesmos controladores, hoje as duas operam independentemente. "Essa é uma tendência natural, mais cedo ou mais tarde vai acontecer, mas não sabemos quando."

Pertencente aos mesmos controladores da Avianca Brasil, a Synergy Aerospace já fechou a estrutura de sua proposta de compra da companhia aérea portuguesa TAP, confirmou ontem o Synergy Group, seu controlador, por meio da assessoria de imprensa. De acordo com executivos da empresa que será privatizada, a Sinergy Aerospace, única habilitada pelo governo de Portugal para disputar a TAP, tem até as 12h (horário de Lisboa) do dia 7 de dezembro para apresentar sua proposta.



Marcelo Almirante
69 - 9985 7275