Condomínios de luxo agora têm espaço para aviões

08/11/2012 - Valor Econômico, Virgínia Silveira

O crescimento da frota de aeronaves executivas no Brasil, que já contabiliza um número superior a 13 mil, a segunda maior do mundo depois dos Estados Unidos, está estimulando o surgimento de um novo tipo de empreendimento imobiliário no país, onde os proprietários podem aterrissar seus aviões e estacioná-los à porta de casa com total comodidade e segurança.
Também conhecidos como "fly-ins", esses empreendimentos unem toda a infraestrutura de um condomínio de luxo a conveniência de ter uma pista aeronáutica a poucos metros de casa. Muito comuns nos EUA, onde já existem mais de 700, os condomínios "fly in community", têm atraído o interesse de empresários que utilizam o avião como ferramenta de trabalho e buscam conforto e economia de tempo.
"Em um momento em que os aeroportos dos grandes centros estão saturados, a possibilidade de chegar em casa voando e estacionar o avião em hangar privativo é um grande apelo", diz o presidente do grupo Design Resorts, Miguel Martins, responsável pelo condomínio Fly-in, que está sendo construído às margens do Lago de Furnas, a poucos quilômetros de Belo Horizonte (MG).
Com mais de 20 unidades vendidas e previsão de entrega em 2014, o Fly-in atraiu o interesse de proprietários de aviões que trabalham no setor de mineração, bancos e incorporação no Estado de Minas Gerais. O investimento aplicado na infraestrutura do condomínio, segundo Martins, deve totalizar R$ 60 milhões.
O empresário do ramo de cafeterias em Belo Horizonte, João Guimarães Fillard Junior, comprou dois lotes no Fly-in pensando no retorno do investimento num prazo de três anos. "Com o aumento do número de aeronaves particulares no país e a superlotação dos aeroportos, a demanda por esse tipo de empreendimento será muito grande", disse o executivo.
O Fly-in possui 30 lotes com tamanhos que variam de 2.600 a 5000 metros quadrados. O preço do metro quadrado varia de R$ 400 a R$ 450. Além da pista de 1600 metros, a maior entre os condomínios aeronáuticos existentes hoje no Brasil, a área tem toda a infraestrutura dos outros empreendimentos ao redor, um complexo de lazer que oferece campo de golfe, hípica, tênis.
Para o presidente do grupo Design Resortes, os condomínios "fly in community" têm um grande potencial se forem construídos em regiões com alto poder aquisitivo. "Temos planos de apresentar proposta para esse tipo de empreendimento em cidades como Uberlândia e Curitiba."
Atenta ao crescimento dessa nova demanda, a construtora Locks, do grupo Setep, que atua na área de terraplenagem e pavimentação asfáltica, iniciou a construção do primeiro condomínio de alto padrão na região Sul do país. Em uma área de um milhão de metros quadrados, o Fly Ville conta com pista de 1.340 metros para pousos e decolagens e hangares exclusivos para guardar as aeronaves dos proprietários residentes no condomínio.
"Para os investidores que residem fora de Santa Catarina, o Fly Ville também apresenta a vantagem de poder chegar em sua residência de helicóptero ou jatinho, sem ter de enfrentar grandes congestionamentos", diz o diretor comercial da Locks, Pedro Meller.
O condomínio está localizado no município de Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, a cinco minutos do Balneário de Camboriú. Meller acredita que é justamente a localização um forte atrativo para os investidores estrangeiros.
A construção do Fly Ville, segundo estimativa do diretor, deve exigir investimento da ordem de R$ 200 milhões, que será feito com recursos próprios do grupo. As obras do condomínio foram iniciadas em julho e a previsão é que sejam realizadas dentro de um período de 36 meses. Antes do lançamento oficial do empreendimento, feito em agosto, na Labace, feira de aviação executiva, o Fly Ville já tinha vendido cerca de 20% dos seus lotes.
O condomínio tem 281 lotes particulares para a área residencial, dois helipontos, terminal de passageiros, posto de abastecimento e uma área comercial de 7.500 metros quadrados. Para preservar a sustentabilidade do condomínio, segundo Meller, o Fly Ville permitirá a instalação de empresas que agreguem valor ao local, com limite para duas escolas de aviação, duas empresas de táxi aéreo e duas oficinas de manutenção de aeronaves.
A pista do condomínio já estará liberada para uso a partir do segundo semestre de 2013. A área dos lotes varia de 3 mil metros quadrados a 5 mil metros quadrados com preços que vão de R$ 1,2 milhão a R$ 3 milhões respectivamente. A área comercial terá espaço para um supermercado âncora, lojas diversas, espaço fitness, sauna, quadra de tênis, salão de jogos, playground, campo de futebol, piscinas, pista de caminhada e lago.
Também localizado no balneário de Furnas, em Minas Gerais, o condomínio Quintas Ponta do Sol já foi totalmente entregue a um ano. A pista de avião tem 700 metros de comprimento e licença de funcionamento pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"São apenas 20 lotes de 10 mil metros quadrados cada e todos com frente para a lagoa", diz o empresário Régis Campos, dono da construtora Emccamp, que construiu o empreendimento. O vice-presidente do banco BMG, Márcio Alaôr de Araújo, e o presidente do clube de futebol Cruzeiro, Zezé Perrela, segundo Campos, compraram terrenos no condomínio.
O empresário comenta que o único lote ainda à venda no Quintas Ponta do Sol está sendo comercializado por R$ 1,5 milhão. "Eu também construí uma casa lá. Os proprietários do condomínio, em geral, assim como eu, têm aviões como ferramenta de trabalho", comenta. O local só opera aviões de pequeno porte.


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