Aeroporto da Pampulha terá obras contra inundação e para dobrar passageiros

11/12/2012 - Estado de Minas

Governo de Minas inicia, na semana que vem, levantamento e ações em terminal aéreo da Pampulha para conter inundações e dobrar capacidade anual para 2 milhões de passageiros

Em resposta às inundações, no fim da tarde de segunda-feira, do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, em Belo Horizonte, que arrastou carros e alagou o saguão do terminal, com muitos transtornos para passageiros e funcionários, o governo de Minas decidiu nesta terça-feira apressar as ações para recuperação e desenvolvimento do terminal, já a partir da semana que vem, quando técnicos de uma agência norte-americana iniciam levantamentos para reestruturação e intervenções nas pistas, hangares e pátios. "O empreendimento está em zona de baixada, sujeito a inundações. Precisamos colocar em prática os estudos para o desenvolvimento do aeroporto", afirmou ontem o subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Luiz Antônio Athayde.

Na quarta-feira passada, o governo de Minas assinou em Miami (EUA) acordo com a Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos (USTDA, na sigla em inglês) para o desenvolvimento do aeroporto da Pampulha. O contrato foi o único assinado durante a Cúpula de Aviação Civil da América Latina e Caribe, que reuniu mais de 600 pessoas.

Minas Gerais tem hoje 12 cidades com voos regionais. No intervalo de dois a três anos, a meta é chegar a 30 cidades, segundo Athayde. "Precisamos dar mais condições para que o aeroporto seja um hub de aviação regional", diz. O aeroporto da Pampulha atende hoje 1 milhão de passageiros por ano. A meta do governo é dobrar esse número nos próximos três anos. "Nosso plano é fazer intervenções na pista auxiliar, no pátio e nas áreas dos hangares", diz.

Os levantamentos da agência americana começam na próxima semana. "O estudo vai possibilitar que a gente saiba a prioridade dos investimentos. O Plano Macroestrutural do Vetor Norte pretende transformar Belo Horizonte na cidade brasileira com a melhor conectividade aérea do Brasil. Nesse contexto, o aeroporto da Pampulha vai ter o papel de se transformar em hub para voos regionais e para apoiar a aviação executiva. Precisamos desenvolver o aeroporto internamente para atrair outras empresas", avalia Athayde.

PREJUÍZOS A manhã de ontem foi de avaliação de danos e prejuízos no entorno do aeroporto da Pampulha, onde muitos veículos ainda estavam tomados pela lama espalhada pelo temporal de segunda-feira. Passageiros que chegavam de viagem encontraram seus veículos com marcas de barro acima dos pneus e pareciam não acreditar no que viam.

"Que presente de fim de ano. Estou completamente decepcionado com a estrutura do estacionamento, que já deveria ter uma alternativa para esse tipo de situação", desabafou o engenheiro Leandro Mereu, de 38 anos, que desembarcava do Rio de Janeiro no aeroporto, quando viu seu carro em meio ao barro no estacionamento do terminal. "Não sei qual será o prejuízo, mas queria que tudo fosse ressarcido", completou. O carro dele é apenas um entre os vários automóveis que permaneceram no estacionamento do terminal. Com as enchentes, muitos carros acabaram tendo problemas elétricos, vidros abriram sozinhos e alarmes dispararam. Dois veículos chegaram a ser arrastados pelas águas até a Praça Bagatelle. A BHTrans rebocou um deles para o estacionamento e arrastou outro para o canto da rua, desobstruindo o tráfego.

Encarregado de frota de uma locadora de veículos, Paulo César Pereira de Moura foi conferir o que ocorreu com um veículo da empresa. "Como estamos perto do aeroporto, um cliente combinou que ele deixaria o automóvel no estacionamento e depois pegaríamos, mas acabamos surpreendidos pela chuva", disse. Ao abrir a tampa do motor, ele encontrou muito barro espalhado pelas peças, além da sujeira no interior do veículo. Pela manhã, toda a sujeira causada pela inundação no saguão do aeroporto foi removida e, segundo a Infraero, o terminal operou normalmente.

Dia de transtorno e limpeza

Fora do aeroporto da Pampulha, o dia começou complicado em outros pontos de Belo Horizonte em virtude do temporal de segunda-feira. Moradores e comerciantes avaliavam prejuízos e limpavam pontos atingidos pelas inundações. Segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), 40 ocorrências foram registradas devido ao temporal, sendo 11 alagamentos, sobretudo na Região da Pampulha. Entre os danos, foram registradas inundações, trincas em residências, deslizamentos de encostas, queda de árvores e desabamento de muros.

Os mesmos transtornos do aeroporto ocorreram nas alças de ligação da Avenida Antônio Carlos com o viaduto de acesso ao Mineirão, perto do câmpus da UFMG. Na área, algumas ruas amanheceram cobertas de lama. Na Avenida Sanitária, no Bairro Liberdade, a força das águas levantou placas de asfalto, impedindo o tráfego.

Ainda segundo a Comdec, quatro casas foram interditadas na Vila Sumaré, na Região Noroeste, devido à queda de um muro de uma fábrica de refrigerantes, que danificou as estruturas das residências. Moradores passaram o dia retirando barro e entulho das casas.

Funcionários da Escola Municipal Professor Cláudio Brandão, na Rua Cantagalo, no Bairro Aparecida, Região Noroeste, tomaram um susto quando, durante o temporal, partes de uma árvore sete-cascas de grande porte desabaram sobre uma área usada para recreação das crianças. Os galhos destruíram o telhado que protegia parte do parque usado pelos alunos e interditaram uma das passagens para a quadra. Segundo a vice-diretora Élida Monteiro de Moura, o acidente ocorreu 40 minutos depois do encerramento das aulas no turno da tarde e por sorte nenhum aluno estava no local.

Solo encharcado Segundo o Climatempo, a quarta-feira será de sol forte com temperatura alta. Por causa do ar quente e úmido, as nuvens se formam com facilidade e as pancadas ocorrem a partir da tarde. Há risco de chuva forte com raios. A sensação é de abafamento e a máxima alcança os 29 graus. Segundo metorologistas, a situação na capital é crítica, pois choveu acima do normal em novembro e o solo já está com muita água acumulada. A previsão é de mais chuva para os próximos dias, com alerta para alagamentos e transbordamento de córregos na Grande BH. O risco de deslizamentos é alto. De acordo com os modelos matemáticos de previsão, de hoje a 16, estão previstos mais de 100milímetros de chuva em BH.