GOL desafia o Governo ao promover demissão coletiva

18/12/2012 - Jornal de Turismo

Quem acompanhou o noticiário nos últimos dias, especialmente a postura da GOL, que sozinha responde por quase metade do tráfego aéreo doméstico, é de se imaginar que a empresa resolveu desafiar o Governo.
Ao acumular prejuízos seguidos, na maioria por erro de gestão e por ter abandonado o seu modelo original, a GOL está realizando um voo kamikaze em direção ao Palácio do Planalto, sem levar em conta a imensa capacidade de reação da presidenta Dilma.
Acuada com a recente movimentação do setor, que levou à criação da Latam (o que deu musculatura internacional à sua principal concorrente) e à fusão da Trip com a Azul, além do crescimento sustentável da Avianca, que pode ganhar força com a aquisição pela casa matriz da Tap, os gestores da GOL rasgaram todos os manuais de boa conduta que regula o relacionamento entre o concessionário e o poder concedente.
Ao decretar o fim da WebJet e demitir sumariamente 850 funcionários da empresa, a GOL leva os especialistas a duas conclusões: ou a empresa está fazendo tudo isso porque já está vendida e os atuais gestores preparam a sua retirada, ou o desespero que bateu nela é aquele típico de quem está acuado em um jogo de vida ou morte e não tem mais nada a perder.
Os erros cometidos pela GOL e que resultaram na saída de cena do seu presidente fundador Constantino Junior, são primários. Refletem uma cisão entre os irmãos acionistas que não se conformavam até hoje com a compra da Varig e os erros cometidos na desastrosa operação internacional.
O pior é que as regras aplicadas agora na WebJet se revestem do mesmo pacote de maldade e esperteza, só que ampliados e desafiando perigosamente o Governo Federal.
Se no caso Varig, o desgaste político da busca por uma solução para a empresa e o tráfego de influência que se estabeleceu com a presença do advogado Roberto Teixeira e seu livre trânsito no Planalto, serviram para acobertar os erros cometidos pelos novos donos da Varig, agora a situação é outra. Não há conversas subterrâneas para esconder e nem uma overdose de problemas que estavam associados ao caso Varig.
Se o que ocorreu agora com a WebJet tivesse acontecido nos Estados Unidos, todos os envolvidos, a empresa que comprou, o Cade e a própria Anac, estariam na cadeia.

Tudo exala a sinais de abuso do poder econômico para promover uma maior alta de tarifas e lesar os milhões de usuários do sistema aéreo que estão sentindo no bolso a disparada dos preços das passagens.
Diferente da compra da moribunda Varig, a WebJet funcionava como o fiel da balança de um mercado cada vez mais na mão de poucos.