Infraero pode perder R$ 120 milhões sem grandes aeroportos

22/12/2012 - Folha de São Paulo

SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ

Mesmo antes de perder o controle de mais dois aeroportos, a Infraero terá de administrar perda de receitas de R$ 700 milhões em 2013 devido à privatização de Guarulhos, Viracopos (Campinas) e Brasília, o que vai afetar diretamente o custeio da instituição estatal.

Análise: As parcerias público-privadas foram redescobertas em 2012

Cálculos preliminares do governo apontam que a empresa, fortalecida no pacote divulgado ontem pela presidente Dilma Rousseff, pode registrar um prejuízo operacional no ano que vem da ordem de R$ 120 milhões.

A decisão do governo de conceder ao setor privado a exploração de mais dois aeroportos importantes hoje administrados pela Infraero (Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, na Grande Belo Horizonte) vai impactar negativamente ainda mais o caixa da estatal.

A empresa, que administra o setor aeroportuário público, terá de buscar recursos para manutenção principalmente dos aeroportos deficitários.

TRANSIÇÃO

A estatal avalia, contudo, que sairá mais forte depois do período de transição, principalmente com a decisão da presidente de criar uma subsidiária da empresa, a Infraero Serviços.

A nova empresa da estatal vai ficar com as participações de 49% do capital em cada um dos cinco aeroportos incluídos no programa de privatização e irá fazer uma parceria com um grande operadora internacional do setor.

As estimativas oficiais apontam que o problema será mais crítico para a empresa nos próximos quatro anos, chamado de fase de transição, quando ela perde o controle das unidades privatizadas pelo governo Dilma.

A partir daí, a previsão é que a Infraero começará a receber dividendos desses aeroportos privatizados, o que irá reforçar o caixa da estatal.

REFORÇO

Até lá, além das restrições nos gastos com manutenção da empresa, o governo avalia a possibilidade de destinar parte dos recursos do Fnac (Fundo Nacional da Aviação Civil) para cobrir a perda de receita da Infraero.

O Fnac vai ganhar um reforço de recursos com o pagamento, pelos consórcios vencedores dos leilões de privatização, dos valores de outorga de Guarulhos, Viracopos e Campinas.

Com a entrada desses recursos, apesar da situação delicada de caixa nos próximos anos, os investimentos da Infraero não serão prejudicados e já têm a receita garantida. Para 2013, o fundo deverá arrecadar R$ 2,2 bilhões.

A receita será crescente nos próximos anos quando começar a entrar no caixa do fundo os recursos da privatização dos aeroportos do Galeão e de Confins.