31/01/2013 - Valor Econômico
Por De Brasília
Três países da América do Sul estão na lista de prioridades da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a renegociação dos acordos bilaterais em vigência com o Brasil. A Argentina é uma das maiores urgências, mas não há sinais de que Buenos Aires esteja disposta a voltar à mesa de discussões para ampliar o limite de voos entre as duas principais economias do Mercosul.
Atualmente, cada lado tem direito a alocar 133 frequências por semana às companhias aéreas de seu país. Do lado brasileiro, 77 voos são operados pela Gol e 56 pela TAM. O governo argentino, que privilegia a estatal Aerolíneas Argentinas na distribuição de suas frequências, se recusa a sentar-se com as autoridades brasileiras para renegociar o acordo bilateral enquanto a Aerolíneas não preenche toda a cota disponível do lado argentino.
Trata-se de uma forma de empurrar os passageiros, diante do aumento da demanda nas ligações aéreas entre o Brasil e a Argentina, para a empresa reestatizada pela presidente Cristina Kirchner, em 2008. Segue-se o raciocínio de Buenos Aires: se os voos da Gol e da TAM saem lotados e elas praticam tarifas maiores, a tendência é que o aumento da demanda vá principalmente para a empresa argentina. Essa é considerada, segundo ouviu o Valor até mesmo de autoridades argentinas, uma das tábuas de salvação para a Aerolíneas - que tem prejuízo de US$ 2 milhões por dia após a reestatização.
O superintendente de relações internacionais da Anac, Bruno Dalcomo, destaca a necessidade de ampliar o limite de voos entre os dois países, mas reconhece que não trabalha com a perspectiva de resolver a situação no curto prazo. "A Argentina tem optado por preservar o papel da Aerolíneas a qualquer custo", diz Dalcomo. "Não conseguimos antecipar, com essas tentativas de resguardar os balancetes da companhia, quando será possível fazer uma renegociação."
A agência brasileira também busca mudar o acordo com a Venezuela, ampliando o direito de tráfego, mas não tem obtido sucesso. Outra prioridade é alterar o tratado com a Colômbia. Empresas brasileiras têm muito interesse em pousar no país, embarcar passageiros locais e continuar seus voos rumo aos Estados Unidos. Isso hoje não é possível e os colombianos resistem à mudança, que poderia ser aproveitada pela Gol e pela nova Latam.
Dalcomo informa que outros avanços importantes já foram obtidos na liberalização do mercado brasileiro. Um deles foi a eliminação dos pisos tarifários, a partir de 2008, extinguindo gradualmente os valores mínimos de tarifas que as companhias aéreas eram obrigadas a respeitar nos voos internacionais. O superintendente observa ainda o acordo de céus abertos entre Brasil e Estados Unidos. A partir de outubro de 2015, não haverá mais nenhum obstáculo à criação de novos voos entre os dois países, desde que haja disponibilidade de espaço nos aeroportos. (DR)
Por De Brasília
Três países da América do Sul estão na lista de prioridades da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a renegociação dos acordos bilaterais em vigência com o Brasil. A Argentina é uma das maiores urgências, mas não há sinais de que Buenos Aires esteja disposta a voltar à mesa de discussões para ampliar o limite de voos entre as duas principais economias do Mercosul.
Atualmente, cada lado tem direito a alocar 133 frequências por semana às companhias aéreas de seu país. Do lado brasileiro, 77 voos são operados pela Gol e 56 pela TAM. O governo argentino, que privilegia a estatal Aerolíneas Argentinas na distribuição de suas frequências, se recusa a sentar-se com as autoridades brasileiras para renegociar o acordo bilateral enquanto a Aerolíneas não preenche toda a cota disponível do lado argentino.
Trata-se de uma forma de empurrar os passageiros, diante do aumento da demanda nas ligações aéreas entre o Brasil e a Argentina, para a empresa reestatizada pela presidente Cristina Kirchner, em 2008. Segue-se o raciocínio de Buenos Aires: se os voos da Gol e da TAM saem lotados e elas praticam tarifas maiores, a tendência é que o aumento da demanda vá principalmente para a empresa argentina. Essa é considerada, segundo ouviu o Valor até mesmo de autoridades argentinas, uma das tábuas de salvação para a Aerolíneas - que tem prejuízo de US$ 2 milhões por dia após a reestatização.
O superintendente de relações internacionais da Anac, Bruno Dalcomo, destaca a necessidade de ampliar o limite de voos entre os dois países, mas reconhece que não trabalha com a perspectiva de resolver a situação no curto prazo. "A Argentina tem optado por preservar o papel da Aerolíneas a qualquer custo", diz Dalcomo. "Não conseguimos antecipar, com essas tentativas de resguardar os balancetes da companhia, quando será possível fazer uma renegociação."
A agência brasileira também busca mudar o acordo com a Venezuela, ampliando o direito de tráfego, mas não tem obtido sucesso. Outra prioridade é alterar o tratado com a Colômbia. Empresas brasileiras têm muito interesse em pousar no país, embarcar passageiros locais e continuar seus voos rumo aos Estados Unidos. Isso hoje não é possível e os colombianos resistem à mudança, que poderia ser aproveitada pela Gol e pela nova Latam.
Dalcomo informa que outros avanços importantes já foram obtidos na liberalização do mercado brasileiro. Um deles foi a eliminação dos pisos tarifários, a partir de 2008, extinguindo gradualmente os valores mínimos de tarifas que as companhias aéreas eram obrigadas a respeitar nos voos internacionais. O superintendente observa ainda o acordo de céus abertos entre Brasil e Estados Unidos. A partir de outubro de 2015, não haverá mais nenhum obstáculo à criação de novos voos entre os dois países, desde que haja disponibilidade de espaço nos aeroportos. (DR)