Fusões e crise da Passaredo fazem Ribeirão Preto perder 3.700 voos

18/02/2013 - Folha de São Paulo

FERNANDA TESTA

O aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, fechou o ano passado com 19.069 voos regulares, 3.716 a menos do que o registrado em 2011.

A queda de 16,3% (veja os números em quadro abaixo) contraria a tendência global de mercado, segundo especialistas, mas pode ser explicada por dois fatores. As fusões entre companhias (Webjet-Gol e Trip-Azul) e a crise na Passaredo -- empresa de Ribeirão que tinha grande quantidade de voos saindo de sua sede -- provocaram a diminuição de linhas.

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Os dados, do Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) -- órgão que administra o aeroporto na cidade --, mostram ainda que a quantidade de passageiros também caiu. De 1,11 milhão em 2011, foi para 1,07 milhão no ano passado.

"Com preços mais acessíveis, a tendência geral seria o aumento de voos regulares", afirmou o estudioso de engenharia aeronáutica e docente da USP (Universidade de São Paulo) James Rojas Waterhouse. Um exemplo: a cidade, que já teve voos diretos para Recife, não tem mais.

Márcia Ribeiro/Folhapress

Avião da Passaredo, empresa de Ribeirão Preto (SP) em recuperação judicial que diminuiu o número de voos

Para ele, a situação financeira da Passaredo foi uma das principais razões da queda de voos. A companhia, que está em recuperação judicial, deixou de operar todos os itinerários para o Sul do país e, em novembro, chegou a voar com só quatro aeronaves.

A saída da Webjet do Leite Lopes em agosto -- após a fusão com a Gol -- também influenciou o cenário negativo, segundo Waterhouse.

A assessoria de imprensa da Gol afirma, no entanto, que, apesar de a Webjet ter encerrado as operações, a Gol atualmente oferece voos em parceria com a Passaredo.

TERMINAL 'DESCONFORTÁVEL'

Problemas na infraestrutura do Leite Lopes podem se tornar um motivo para que as companhias diminuam o número de voos no aeroporto.

Segundo Waterhouse, o terminal de Ribeirão é relativamente pequeno em comparação com o tamanho da cidade. "É um terminal desconfortável, é inferior ao de outros aeroportos [do interior do país] e a pista de Ribeirão não é melhor que a de aeroportos como Franca e Araraquara, por exemplo", diz.

Com o plano federal de auxílio aos aeroportos, é possível que cidades menores passem a operar voos comerciais e que Ribeirão perca ainda mais voos no longo prazo.

"É a curva de demanda esperada, já que a cidade não oferece nenhuma situação melhor para os passageiros."

Procuradas, as outras companhias aéreas que operam em Ribeirão -- TAM, Azul e Passaredo -- não comentaram a diminuição de decolagens e pousos em Ribeirão Preto.

Em nota, a Azul disse apenas que nos últimos dois anos acrescentou voos diretos de Ribeirão a Belo Horizonte (MG), além de manter as linhas para Campinas.