Infraero dá mais espaço ao varejo em aeroportos

14/03/2013 - Valor Econômico

Por Daniel Rittner

Congonhas é um dos novos alvos da Infraero, que concluiu estudos para instalar um
empreendimento hoteleiro no antigo estacionamento do aeroporto

As receitas comerciais da Infraero atingiram um valor recorde de R$ 1,34 bilhão e representaram 32% do faturamento da estatal em 2012. Graças à ampliação da oferta de espaços para a instalação de lojas e à revisão de contratos antigos, entre outras ações, essas receitas cresceram 17,5% na comparação com o ano anterior.

Em 2013, um dos objetivos da Infraero na área comercial é expandir a oferta de hangares para a aviação executiva, em aeroportos como Jacarepaguá (RJ) e Pampulha (MG). Outra prioridade é a licitação de hotéis em áreas dentro dos complexos aeroportuários. Um dos novos alvos é Congonhas (SP), onde a estatal concluiu estudos para atrair um empreendimento hoteleiro, que ficará no antigo estacionamento do aeroporto. O terreno do estacionamento ficou subutilizado, após a inauguração de um edifício-garagem, e está situado a metros do terminal de passageiros.

"A nossa intenção é explorar um pouco mais as áreas externas, que têm potencial bastante grande. O aproveitamento delas se tornará um excelente vetor de receitas", diz o superintendente de negócios comerciais da Infraero, Claiton Resende. "Neste ano, vamos licitar hotéis em Congonhas, Porto Alegre, Curitiba, Foz do Iguaçu, Manaus e Salvador."

Em janeiro, foi concluída a concorrência da estatal para a implantação e exploração de um hotel e um centro de negócios no Santos Dumont (RJ), vencida pela GJP Investimentos, do empresário Guilherme Paulus. O contrato deve gerar receitas totais de R$ 270 milhões à Infraero, ao longo dos 25 anos de vigência. A GJP também ganhou as concorrências para hotéis no Galeão (RJ), em Confins (MG) e em Vitória.

Outra meta da estatal, segundo Resende, é ampliar a oferta de free shops em aeroportos que recebem voos internacionais. Em 2012, a Infraero assinou contrato para a abertura de um free shop em Florianópolis, com aluguel de R$ 630 mil por mês. No segundo semestre, o mesmo tipo de loja deverá ser inaugurado em Belém, onde o grupo espanhol Aldeasa venceu a concorrência e quebrou o monopólio da brasileira Dufry nesse segmento.

Aeroportos como Manaus e Fortaleza, com obras de ampliação em seus terminais de passageiros, deverão ganhar mais espaço para lojas e abrir novas frentes de geração de receitas.

No ano passado, a Infraero implantou mais de 130 máquinas de autoatendimento de lanches e refrigerantes, em onze aeroportos. Também deu início à estratégia de abrir lanchonetes com preços tabelados, que foram apelidadas de "lanchonetes populares", com contratos já assinados em nove terminais da rede.

Em 2013, no entanto, a estatal enfrentará um desafio na área comercial: a perda de receitas do varejo nos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, que foram transferidos à iniciativa privada. Juntos, eles representam 35% do faturamento. Por isso, mesmo com os esforços para elevar novamente as receitas nos aeroportos que continuam sob sua gestão, a arrecadação com negócios comerciais deverá recuar para o patamar de R$ 1 bilhão.

Mais adiante, a perda será ampliada com a privatização do Galeão e de Confins, que respondem por mais 15% das receitas comerciais. O governo pretende leiloar os dois aeroportos em setembro, seguindo o mesmo modelo adotado na primeira rodada. A Infraero ficará com 49% de participação nas concessões.