Para Azul, desoneração tributária seria melhor opção

22/03/2013 - O Estado de S.Paulo

A companhia aérea Azul aprova o projeto do governo de reformar 270 aeroportos do interior, mas é contrária à concessão de subsídios para rotas regionais, segundo o diretor de comunicação e marca da empresa, Gianfranco Beting.Comumaparticipação de cerca de 15% nos voos nacionais, a Azul é a única grande empresa aérea brasileira com uma forte atuação no mercado regional. Cerca de 40% dos seus 865 voos diários partem do interior, sem contar Campinas (SP), sua base operacional.

A proposta do governo é financiar 50% das passagens para voos regionais, limitadasa60assentos. Assim, a companhia terá uma garantia de receita para rotas regionais mesmo se não atingir uma ocupação economicamente viável para o voo.

"A Azul não defende subsídio. O caminho mais correto para estimular o setor seria a desoneração tributária e do combustível e investimentos para melhorar a infraestrutura", disse Beting.

A companhia diz apoiar o plano do governo de reformar 270 aeroportos, mas a expansão da malha da empresa para novas cidades dependerá da demanda. "Não temos investimentos atrelados ao projeto (de estímulo à aviação regional)", disse Beting.

A empresa voa hoje para 103 dos 122 municípios atendidos por voos regulares no País. A meta da companhia é chegar ao fim de 2013 com oferta de voos para 110 cidades brasileiras.

A Azul entrou no segmento regional em março de 2011, quando passou a voar com aeronaves turboélice ATR, além de jatos da Embraer. A companhia reforçou sua presença neste mercado em 2012 com a fusão com a Trip, líder no segmento regional. Hoje, a empresa voa com 118 aviões, sendo 70 deles da ATR.

Concorrência. Além da Azul, as demais companhias aéreas de grande porte (TAM, Gol e Avianca) também são restritivas em relação à concessão de subsídios para rotas regionais. Fontes do setor aéreo afirmam que o temor das grandes empresas é de que o subsídio atraia "aventureiros" para o mercado."Isso pode motivar a criação de empresas oportunistas, que não entendem do mercado e só são viáveis com o subsídio", disse uma fonte.

As próprias empresas menores ouvidas pelo Estado dizem esperar um aumento da concorrência se o subsídio for aprovado. "Essa medida vai provocar um agito. Não há dúvida de que uma avalanche de empresas será criada para disputar esse benefício", disse Décio Marmo de Assis, da Sete Linhas Aéreas.

As pequenas defendem o subsídio e dizem que a entrada de "aventureiros" pode ser coibida com uma fiscalização rigorosa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). / M.G.