Azul vai abrir capital e quer R$ 1 bilhão

27/05/2013 - O Estado de S.Paulo

Terceira maior companhia de aviação do País, empresa apresentou pedido de registro à Comissão de Valores Mobiliários na sexta-feira

David Friedlander

FABIO MOTTA/ESTADÃO-11/10/2012

Pressa. Se a CVM der todas as autorizações necessárias rapidamente, a oferta pública
de ações da companhia deve sair até o final de julho

Um ano depois de se juntar à concorrente Trip e assim se firmar como a terceira maior companhia de aviação do País, a Azul Linhas Aéreas vai abrir o capital na bolsa e espera captar cerca de R$ 1 bilhão coma operação, apurou o ‘Estado’. O pedido de registro foi apresentado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na sexta-feira à tarde.

Fundada pelo americano naturalizado brasileiro David Neeleman menos de cinco anos atrás, a Azul tem hoje uma participação de cerca de 15% nos voos nacionais. A empresa cresceu inspirada no modelo de baixo custo da JetBlue, que o próprio empresário já havia criado nos Estados Unidos, e tornou se a maior do País no segmento de aviação regional.

Com a incorporação da Trip, o faturamento da empresa mais que dobrou, passando de R$ 1,7 bilhãoem2011 para cerca de R$ 4 bilhões no ano passado. Mas seus resultados, assim como os de todo o setor, ainda são mambembes.

A fusão com a Trip tinha sido o lance mais relevante de Neeleman até agora. Ele já vinha alimentando a ideia de abrir o capital da Azul há dois anos.

Ainda não foi batido o martelo sobre o tamanho da participação que será colocada à venda, mas a intenção é captar algo em torno de R$ 1 bilhão, segundo fontes que acompanham a operação. Se não houver problemas e a CVM der todas as autorizações necessárias, espera-se que a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) seja realizada até o fim de julho.

Neeleman tem 67% do capital votante da Azul e os grupos Caprioli e Água Branca, que eram da Trip, são donos de um terço da empresa. Outros acionistas relevantes, embora não tenham ações com direito a voto, são o grupo Bozano, o fundo Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e o fundo de privateequity americano TPG.

Resultados. Apontada como empresa inovadora quando foi criada, em 2008, a Azul só foi dar lucro operacional pela primeira vez em 2011 – R$ 25 milhões. A empresa não divulgou dados mais recentes, mas analistas do mercado acreditam que ela esteja operando no vermelho, assim como as outras companhias do setor.

As empresas brasileiras de aviação estão passando por momentos difíceis, em que a demanda já não cresce tanto e os custos para operar são elevados.

Embora os resultados da Azul ainda sejam titubeantes, a abertura do capital da empresa é uma aposta no histórico empreendedor Neeleman. Nascido em São Paulo, mas criado nos Estados Unidos, o empresário enxergou a oportunidade de repetir no Brasil a experiência bem-sucedida que teve com a americana JetBlue.

O empresário também esteve envolvido na criação de outra empresa de aviação americana, a Morris Air, e com uma canadense, a WestJet.

Aviação regional. O caminho para competir num mercado dominado por duas empresas, TAM e Gol, foi focar o esforço na aviação regional. O empresário revitalizou o Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e desde então montou uma rede de viagens para cidades de médio e grande portes.

Sem contar Campinas, cerca de 40% dos seus 865 voos diários partem do interior. A empresa voa hoje para 103 dos 122 municípios atendidos por voos regulares no País e sua meta é chegar ao fim do ano com mais sete cidades atendidas.

De acordo com fontes que acompanham a operação de abertura de capital, a intenção é aplicar nos planos de expansão os recursos que venham a ser captados na operação. Segundo fontes do mercado, também pode ser uma oportunidade para alguns dos acionistas colocar em suas participações à venda.

A EMPRESA

● Mercado
Empresa tem hoje uma participação de cerca de 15% dos voos nacionais.
● Receita
Foi de R$ 4 bilhões em 2012, depois da fusão com a concorrente Trip.
● Operação
Faz 865 voos diários, para 103 das 122 cidades atendidas por voos regulares no País.
● Principais acionistas
David Neeleman, Caprioli, Água Branca, grupo Bozano, fundo Gávea e o fundo TPG (EUA).