Estudo vencedor propõe até 4 pistas de pouso

29/05/2013 - O Globo

Aterramento da Baía de Guanabara e remoção de famílias estão previstos

DANIELLE NOGUEIRA
danielle.nogueira@oglobo.com.br

O estudo selecionado pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) para embasar o edital de licitação do Galeão, feito pela Empresa Brasileira de Projetos (EBP), propõe até quatro pistas de pouso e decolagem e o aterramento de 70 hectares da Baía de Guanabara para sua construção, o equivalente a 70 campos de futebol. Segundo o parecer técnico da SAC, ao qual o GLOBO teve acesso, essa nova configuração de pistas permitiria 79 pousos ou decolagens por hora, praticamente o dobro da atual média dos principais aeroportos brasileiros, de 38 movimentos. O estudo também prevê o reassentamento da comunidade de Tubiacanga, na Ilha do Governador, onde residem cerca de 900 famílias.

“A alternativa escolhida para o desenvolvimento do sistema de pistas de pouso e decolagem é a proposta 3B, que consiste na construção de duas novas pistas (...) Ressalta-se que a alternativa escolhida exigirá o aterramento de 70 hectares da Baía de Guanabara e a realocação total da comunidade Tubiacanga. Além disso, causará um possível aumento de exposição a ruído para a comunidade do Bairro da Portuguesa, fato que poderá exigir a realocação de inúmeras unidades residenciais”, diz a nota técnica número 5 do grupo de trabalho da SAC, que trata da análise dos estudos para o edital de concessão do Galeão.

Duas empresas foram autorizadas pela secretaria para enviar propostas técnicas a fim de balizar o edital do Galeão: a EBP e a IQS Engenharia. O anúncio da EBP como vencedora foi feito em 9 de maio, poucos dias após a data de emissão do parecer do grupo de trabalho da SAC, em 3 de maio de 2013. Na nota técnica, de 61 páginas, foram analisados quatro pontos: estudos de mercado, estudos de engenharia, estudos de impacto ambiental e estudos econômico-financeiros. No total, a EBP atendeu a 57 de 66 itens obrigatórios. Já a IQS atendeu a 49 dos 66 itens.

O estudo da EBP prevê fluxo de passageiros de 73 milhões de pessoas em 2043 e receitas tarifárias de R$ 569,5 milhões em 2038 e R$ 673,8 milhões em 2043. O trecho da nota técnica que trata das receitas não tarifárias, como aluguel de lojas, não cita cifras. Atualmente, 952 funcionários trabalham no aeroporto, com uma despesa operacional de R$ 149,1 milhões. A previsão para 2038 é de 1.698 funcionários e despesas de R$ 284,4 milhões.

A EBP não quis comentar o relatório. A IQS contesta o processo de seleção dos estudos e entrou na Justiça para ter acesso ao projeto da rival. ●