‘A Azul não comprará a TAP’, diz Neeleman

12/06/2013 - O Estado de S.Paulo

DOW JONES E MARINA GAZZONI

A Azul não está interessada na compra da portuguesa TAP, disse ontem o empresário David Neeleman, presidente e fundador da Azul. "A Azul não vai comprar a TAP", ressaltou, em entrevista à agência Dow Jones.

As especulações de que a Azul possa comprar a companhia aérea portuguesa ganharam força após o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, afirmar que o governo pode ajudar a Azul se ela desejar adquirir a TAP. A ajuda viria com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Pimentel acompanhou a presidente Dilma Rousseff em uma visita oficial a Portugal no início desta semana.

Neeleman confirmou, no entanto, que conversou como governo brasileiro sobre ajudar a TAP. "Dissemos que poderíamos ajudar a TAP com conexões, por exemplo", disse, mas reiterou que a Azul está focada em sua oferta pública inicial de ações, prevista para este ano.

No mês passado, a Azul afirmou que, um ano depois de se juntar à concorrente Trip e assim se firmar como a terceira maior companhia de aviação do País, vai abrir o capital na bolsa e espera captar cerca de R$ 1 bilhão com a operação.

O governo português precisa vender a TAP até o fim do ano, sob as exigências do seu programa de resgate financeiro, mas o momento é difícil. A maioria das companhias aéreas europeias amarga prejuízos em suas operações domésticas.

O Brasil é o principal destino internacional da TAP e a companhia é líder na rota entre o País e a Europa, o que explicaria o interesse do governo na compra da companhia pela Azul.

Política. Desde que decidiu privatizar a TAP,em2011, o governo português reforçou os contatos com empresas e autoridades do governo brasileiro para pedir a participação de empresas ou investidores nacionais no processo de privatização.

Todas as grandes companhias aéreas brasileiras – Gol, TAM, Azul e Avianca – foram convidadas pelos portugueses a fazer uma proposta pela TAP. Gol, TAM e Azul não se interessaram pelo negócio. Já a Avianca fez uma proposta pela companhia aérea estatal portuguesa no fim de 2012 por meio de sua controladora, o grupo Synergy.

Apesar de ser o único a chegar à fase final do processo de privatização, o grupo Synergy teve sua proposta recusada pelo governo português por falta de garantias de pagamento. Assim, a privatização voltou a estaca zero. Agora, Portugal faz um novo apelo ao Brasil para angariar interessados por suas estatais.O governo brasileiro ofereceu o apoio do BNDES para a proposta da Azul, mas, nem assim, o negócio foi considerado atrativo por Neeleman.