Azul e Avianca preparam rotas novas

28/06/2013 - Valor Econômico

Por João José Oliveira

ValorEfromovich, da Avianca, defende que
investimentos sejam focados em aeroportos
que requerem pequenas intervenções

As companhias aéreas Azul e Avianca, terceira e quarta colocadas no ranking doméstico de transporte de passageiros, aguardam detalhamento do programa governamental de incentivo à aviação regional, anunciado em dezembro de 2012, para acelerar o ritmo de crescimento por meio de novas rotas.

O diretor de relações institucionais da Azul, Victor Celestino, disse ontem durante o seminário Aero Brasil 2013, em São Paulo, que a companhia já tem mapeados 100 aeroportos regionais no Brasil que podem entrar nas rotas de atuação da empresa, considerando o plano de estímulo ao setor.

Mas o executivo afirma que algumas questões ainda precisam ser resolvidas. "É preciso endereçar a questão das tarifas, o subsídio de tributos e a modernização regulatória, com abertura de slots [horários de pouso e decolagem] em Congonhas para Azul, onde já estamos prontos para operar", disse.

"A oportunidade hoje é o plano de aviação regional. Mas temos um problema de implementação e de gestão. O plano tem que sair do papel", acrescentou Celestino.

O projeto lançado pelo governo prevê investimentos de R$ 7,2 bilhões em 240 aeroportos no país. O objetivo é ampliar o acesso aos serviços aéreos e fazer com que 95% da população esteja a menos de 100 km de distância de um aeroporto. O programa inclui ainda subsídios de até 50% das tarifas pagas pelos passageiros - no limite de 60 passageiros por aeronave - e isenção de taxas e tarifas pagas por clientes e companhias nesses aeroportos, cujas despesas serão cobertas pelo Fundo Nacional da Aviação Civil.

Segundo Juliano Roman, gerente da Secretaria de Aviação Civil, até o fim de novembro começarão as obras nos primeiros aeroportos atendidos pelo programa.

"Não precisa gastar R$ 7 bilhões em mais de 200 aeroportos. É melhor focar em 30 ou 40 que podem demandar R$ 150 milhões para entrar em operação em menos de um ano", disse o presidente da Avianca, José Efromovich, que defendeu um foco maior e urgente no grupo de aeroportos que podem entrar no sistema de rotas com pequenas intervenções.

Ele afirmou que a demanda pela ampliação e renovação da frota da Avianca nos próximos anos passa pelo detalhamento do plano de aviação regional. Segundo ele, nesse contexto, há interesse pelos aviões da Embraer. "Tudo vai depender da definição de rotas a serem operadas, em que condições e com que densidade", disse.

De acordo com o empresário, a Avianca tem interesse na nova família de aeronaves E2 da fabricante brasileira. Segundo ele, os aviões da Embraer são uma opção para as substituições que serão feitas ao longo dos próximos três a cinco anos. "Temos 15 aviões de 120 passageiros que deverão ser substituídos nos próximos três a cinco anos e se o que foi nos apresentado [pela Embraer] for isso mesmo, podemos sim comprar", afirmou.

Azul e Avianca ganharam mercado em maio - mês em que a demanda doméstica total das companhias aéreas avançou 5% e a oferta de assentos caiu 4% em relação a igual intervalo de 2012, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A fatia da Azul, considerando também a operação da Trip (adquirida no ano passado), aumentou de 15,93% para 17,32% no mês, enquanto a participação da Avianca subiu de 5,10% para 7,14%. O mercado continua liderado por TAM e Gol, que encerraram maio com fatias de 39,55% e de 35,35%, respectivamente.

A Azul informou ontem, ainda, que mantém a intenção de realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A expectativa é lançar a operação no segundo semestre, mas a companhia ressalta que "está monitorando as condições de mercado" para avaliar qual seria o melhor momento.