Embraer pode lançar novos jatos em feira

17/06/2013 - O Globo

Linha entraria em operação até 2018, acirrando disputa com Bombardier
Economia

PARIS- A brasileira Embraer, a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo, participa da Paris Air Show, a maior feira internacional de aeronáutica, que chega à sua 50ª edição nesta semana, no norte de Paris, com a expectativa de analistas em torno do lançamento de sua próxima geração de jatos regionais.

O presidente-executivo da empresa, Frederico Curado, pode anunciar planos para uma linha de jatos comerciais que entraria em operação até 2018, segundo analistas. Após dois anos de estudos, a fabricante de aviões estaria preparada para revisar a família de jatos, com novas asas, eletrônica atualizada e motores turbo da americana da Pratt & Whitney. A empresa não confirma.

Motores mais eficientes podem ajudar a empresa a manter a liderança no segmento de 70 a 120 assentos e afastar rivais como a Mitsubishi Regional e a Bombardier.

EMBRAER: PAPÉIS SOBEM 30,36%

Na última sexta-feira, a empresa anunciou uma segunda coletiva de imprensa no evento sobre jatos comerciais, o que alimentou expectativas. No ano, os papéis ON sobem 30,36%, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, recua 19,06%.

— Na Paris Air Show você vai vê-los anunciando, provavelmente, os primeiros pedidos firmes para uma família completamente remodelada de EJets — disse Richard Aboulafia, vice-presidente da consultoria de aviação Teal Group, que avalia a decisão da Embraer de defender seu nicho de atuação como "muito inteligente".

Analistas questionam, no entanto, se a Embraer tem as encomendas necessárias para lançar sua nova linha com destaque. Nos últimos dois anos, as gigantes da indústria Airbus e Boeing criaram nova demanda, com aeronaves que elevaram o nível de eficiência de combustível.

A canadense Bombardier, que competiu durante décadas com a Embraer no segmento de jatos regionais, tem como foco os CSeries de 110 a 130 lugares, mas contabiliza apenas 177 encomendas.

Em maio, a Embraer anunciou a venda inicial de 40 jatos modelo 175 para voos da SkyWest, operadora regional sediada em Utah, que renova suas frotas com até 76 lugares. Incluindo outros 60 pedidos firmes que podem ser confirmados e mais cem jatos classificados como opção, o total dessa encomenda pode chegar a 200 unidades, o que poderá se tornar o maior contrato assinado pela fabricante brasileira de jatos executivos nos últimos dez anos.

BOEING: US$ 30 BI EM PEDIDOS

Da Bombardier, o único contrato importante dos EUA veio de um acordo em dezembro, com a Delta Air Lines, com 40 pedidos firmes e 30 opções para seus aviões CJR900.

Para 2013, a Embraer mantém uma posição conservadora no que se refere à entrega de jatos: de 90 a 95 jatos comerciais, de 80 a 90 jatos executivos leves e de 25 a 30 grandes (números que se comparam a 106, 77 e 22, respectivamente, no ano passado). Em dezembro de 2012, a carteira de pedidos somava US$ 12,5 bilhões.

Outra novidade da feira, também na mira de investidores, deve vir da Boeing, segundo analistas. A fabricante deverá lançar uma versão maior do 787 Dreamliner com mais de cem encomendas no valor de US$ 30 bilhões, segundo fontes da indústria.

A decisão de construir o novo modelo foi apoiada pelas encomendas feitas por cinco ou seis clientes. O anúncio deve ocorrer na terça-feira. Algumas ordens podem ser convertidas a partir da demanda existente por jatos menores. A Boeing não quis se pronunciar.

O 787-10 com 323 assentos é, em parte, destinado a atender rotas em rápido crescimento na Ásia e aumenta a briga com a europeia Airbus pelas vendas da nova geração de aviões mais eficientes.

— Nós não temos comentários a fazer, mas estamos tendo conversas com nossos clientes — disse o porta-voz da Boeing, referindo-se ao projeto. ●

JACQUES BRINON/AP

Preparativo. Trabalhador limpa um jato E-190, da Embraer, antes da feira