Aéreas aguardam ações para sair da estagnação

20/09/2013 - Valor Econômico

Por João José Oliveira

O transporte aéreo de passageiros passa por uma fase de estagnação no Brasil provocada por economia fraca, no lado da demanda, e pressão de custos, no lado da oferta, mas está pronto para retomar as taxas de expansão superiores a um dígito assim que obstáculos forem removidos com ajuda do governo, disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.

"O crescimento já está contratado", disse o executivo da entidade que representa TAM, Gol, Azul e Avianca, referindo-se à carteira de pedidos de aeronaves que essas empresas têm até 2020. Segundo dados reunidos pela Abear, o total de aviões no país vai passar de 450 aviões a 976 em sete anos.

"Nosso trabalho hoje é identificar os desafios para cumprir a meta para que em 2020 possamos transportar 200 milhões de brasileiros por ano", disse Sanovicz. "Mas se nada acontecer, o cenário será o de redução de frotas, com impacto no preço", afirmou o representante das aéreas.

Segundo a Abear, as aéreas registraram em agosto queda de 5,7% na oferta, medida por assentos-quilômetros-oferecidos (ASKs), em relação a julho deste ano. Na mesma comparação, a demanda caiu 11,1%, considerando o indicador passageiros-quilômetros pagos transportados (RPKs). A taxa de ocupação foi de 74,2%.

Na comparação com agosto de 2012 - com dados apurados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) porque a Abear só passou a fazer a compilação em setembro de 2012 - a oferta subiu 3,3% e a demanda avançou 4,9%. "Com a elevação dos custos do setor, que se acentuou com a subida do dólar nesse ano, as empresas estão priorizando operações mais eficientes e recompondo tarifas. Estamos numa temporada de expansão mais lenta", disse o presidente da Abear.

O executivo diz que tal cenário torna mais urgente uma resposta do governo às demandas do setor, que pede alteração na fórmula de cálculo da querosene de aviação (QAV), redução do PIS/Cofins e da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível, além de melhorias na infraestrutura aeroportuária e a abertura do setor ao investidor estrangeiro além do limite de 20% do capital hoje existente. "O ministro [da Secretaria da Aviação Civil, Moreira Franco] prometeu dar resposta até o fim do mês", disse Sanovicz, que projeta impacto efetivo de eventuais ações aceitas apenas em 2014