Dificuldades para viajar faz Azul tentar novos voos em Juiz de Fora

06/09/2013 - G1

Empresa aguarda Anac avaliar voos para Confins.
Região tem dois aeroportos, mas um está desativado e causa prejuízos.
Rafaela Borges
Do G1 Zona da Mata


Aeroporto Presidente Itamar Franco está há três
meses sem voos (Foto: Reprodução/TV Integração)

A partir do dia 4 de outubro Juiz de Fora poderá contar com novos voos da Azul Linhas Aéreas, desta vez para o aeroporto de Confins. A empresa aguarda a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), cuja análise será divulgada na próxima semana.

A decisão é esperada por quem precisa ir para Juiz de Fora ou sair da cidade. Há três meses a região da Zona da Mata vive uma polêmica envolvendo dois aeroportos da região. No dia 3 de junho a Azul Linhas Aéreas encerrou as operações no Aeroporto Presidente Itamar Franco, localizado entre os municípios de Rio Novo e Goianá. Com isso, os passageiros só têm a opção de utilizar o aeroporto Francisco Álvares de Assis, mais conhecido como Serrinha, com três voos diários com um único destino: Viracopos, em Campinas (SP). Enquanto isso, o Aeroporto de Goianá permanece parado, sem voos e gerando prejuízos para diversos setores da economia da cidade e região.

Sem atividades no aeroporto Presidente Itamar Franco, os motoristas de táxi já sentiram no bolso a falta de passageiros. Segundo o presidente da Associação dos Taxistas de Juiz de Fora, Luiz Gonzaga Nunes, eram feitas viagens diárias para a região de Goianá. "Sempre tínhamos passageiros. Nós cobrávamos R$125 por viagem. Muitas vezes os clientes já combinavam, além da ida, a volta. Então era um dinheiro extra que entrava no fim do mês. Agora isso acabou. Porém, acredito que o prejuízo maior tenha sido para os taxistas de Goianá, já que a maioria das viagens eram feitas por conta do aeroporto", comentou.

O presidente da Associação dos Taxistas de Goianá, Guilherme Carvalho, confirmou essa informação. "Nós paramos todos os carros. Os veículos só ficavam no aeroporto e o nosso serviço era em função do terminal. Como está tudo parado, nós tivemos que encerrar as atividades também. O prejuízo foi muito grande", ressaltou.


Segundo Gonzaga, fim das operações em Goianá
trouxe prejuízos para taxistas de Juiz de Fora
(Foto: Rafaela Borges/G1)

De acordo com ele, eram realizadas cerca de 200 viagens por mês para diversas cidades da região. Com o final das operações, os taxistas tiveram que buscar outras alternativas de renda. "Eu mesmo vim para Juiz de Fora tocar um negócio próprio. Parei de vez com o táxi. Os outros motoristas também tiveram que procurar outras coisas para fazer. Só de vez em quando, que o Aeroporto da Serrinha fecha por conta do mau tempo e os voos são transferidos para Goianá é que temos algo. Então, quem ainda tem o carro segue para o aeroporto. Porém isso é muito raro", acrescentou.

O G1 entrou em contato com o diretor do Aeroporto Presidente Itamar Franco, Denílson Duarte, para comentar a situação do local e os projetos para o futuro. Porém, foi informado por ele que a diretoria está refazendo os planejamentos do terminal e que, por isso, não irá se pronunciar no momento.

Aeroporto da Serrinha
Enquanto o Aeroporto Presidente Itamar Franco segue sem voos, o terminal de Juiz de Fora opera a todo vapor. Por mês, o local recebe aproximadamente sete mil usuários. A expectativa é de que durante todo o ano de 2013 cerca de 90 mil passageiros utilizem os serviços disponíveis. Contudo, os usuários questionam constantemente as condições estruturais e o único destino disponível no momento para conexões, que é a cidade de Campinas, em São Paulo.


Sérgio reclama da transferência de voos de Goianá
para Juiz de Fora (Foto: Rafaela Borges/G1)

O engenheiro Sérgio Carvalho, de 54 anos, reclama da estrutura do local. "Tem cerca de três anos que utilizo o aeroporto semanalmente e a situação aqui é a pior possível. A estrutura física não é adequada para suportar esse volume grande de passageiros. O Serrinha não consegue suprir essa demanda. Existem rodoviárias no Brasil que têm uma estrutura melhor do que a deste lugar. Por outro lado nós temos um aeroporto excelente, que é o de Goianá, que está parado. Isso não faz o menor sentido", lamentou.

Ele destacou também o tempo gasto com as conexões. "Eu ia direto para Belo Horizonte de avião. Desde que ocorreram as mudanças no destino dos voos eu prefiro ir de carro. Economizo tempo e dinheiro. Não dá para ficar fazendo conexões. É um absurdo uma cidade deste porte não ter um aeroporto com destinos como Congonhas e Guarulhos, por exemplo", ressaltou o engenheiro.


Para Graziela, a vantagem do aeroporto da Serrinha
é a localização (Foto: Rafaela Borges/G1)

Essa é a mesma reclamação da fonoaudióloga Graziela Liebel, de 27 anos. Ela utiliza o aeroporto cerca de quatro vezes por ano, quando precisa trabalhar em outro local e também para visitar a família. "Um aeroporto de uma cidade grande como esta deveria ter outras opções de voo, pelo menos para capitais. Aqui em Juiz de Fora existem muitas empresas e as pessoas precisam desses voos para trabalho. Tinha que ter para o Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Belo Horizonte, Distrito Federal e algum para o Nordeste", destacou.

Para ela, a vantagem do Serrinha é a localização. "Eu gosto do local. Acho que não precisamos de outro aeroporto, aqui é de fácil acesso. Entretanto é muito pequeno. No futuro será preciso aumentar esse espaço físico", comentou.


Marcelo Dalmas diz que a estrutura é precária
(Foto: Rafaela Borges/G1)

Já o engenheiro civil Marcelo Dalmas, de 43 anos, é de Porto Alegre e utiliza o terminal raramente. Acostumado a viajar de avião a trabalho pelo país ele disse que a estrutura é muito precária. "Os banheiros são ruins e não contamos com esteiras para colocar as malas", reclamou.

De acordo com o gerente do Aeroporto de Juiz de Fora (Serrinha), Cipriano Magno, a grande preocupação da Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra) de Juiz de Fora e da gerência do local é o conforto, qualidade e segurança dos passageiros. "Sendo assim, a Settra, em conjunto com a nossa orientação técnica, estudam a possibilidade de ampliação do saguão de passageiros, das salas de embarque e desembarque do aeroporto municipal, como também a aquisição de uma esteira para restituição de bagagens. O projeto já está bem avançado", explicou.

Ainda segundo o gerente, há planos também para os grandes eventos, como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas de 2016. "Já estamos aumentando e qualificando nossos colaboradores, a fim de melhor atender os usuários e possíveis turistas que vierem a utilizar o terminal aeroportuário", garantiu.


Empresa aguarda aprovação da Anac para realizar
voos para Belo Horizonte (Foto: Rafaela Borges/G1)

Novo destino
Em nota enviada ao G1, a assessoria da Azul Linhas Aéreas informou que o motivo da decisão da empresa em concentrar os voos no aeroporto da Serrinha foi otimizar a malha aérea, considerando a proximidade dos aeroportos e a oportunidade de oferecer mais horários em uma única localidade. Ainda segundo o texto divulgado, "une-se a conveniência do aeroporto localizado em área central à enorme gama de conexões para mais de 50 destinos disponíveis em Viracopos, além do fácil acesso a diversos pontos da cidade de São Paulo por meio de ônibus executivos gratuitos oferecidos pela Azul".

Além disso, a assessoria da empresa informou que a companhia já pediu autorização à Anac para iniciar voos para Belo Horizonte, por meio de Confins. A resposta do processo de análise será divulgada na próxima semana. Se aprovado, os novos voos terão início no dia 4 de outubro.

Ainda segundo a empresa, "a partir de Belo Horizonte, a companhia disponibilizará conexões para diversos destinos. São eles: Aracaju (SE), Porto Seguro (BA), Brasília (DF), Goiânia (GO), Ipatinga (MG), Maceió (AL), Montes Claros (MG), Natal (RN), São José dos Campos (SP), Salvador (BA), Uberlândia (MG), Campinas (SP), Aeroporto Santos Dumont (RJ) e Aeroporto de Guarulhos (SP)".