Lufthansa planeja acelerar ritmo de crescimento no país

12/09/2013 - Valor Econômico

Por João José Oliveira

A companhia aérea alemã Lufthansa pretende elevar a taxa de expansão no Brasil de uma média anual de 20%, entre 2009 e 2013, para um patamar superior a 25% no fim do ano que vem.

O plano prevê a inclusão de aeronaves de maior porte nas rotas que ligam Frankfurt e Munique a São Paulo e Rio de Janeiro, no curto prazo; a busca de nova parceira para "code share" no médio prazo; e, no mais longo prazo, a possibilidade de participação no capital de uma companhia local.

"São Paulo é o motor da América do Sul. O Brasil é estratégico para a empresa porque todas as grandes marcas alemãs estão aqui. Vamos continuar crescendo e atentos a todas as oportunidades", disse o diretor de comunicação corporativa para as Américas da companhia, Nils Haupt.

Atualmente, o Brasil responde por 5% do negócio intercontinental da Lufthansa. A empresa trabalha no país com três voos diários - dois partem de São Paulo com destino a Frankfurt e Munique; e um do Rio de Janeiro para Frankfurt.

O grupo aprovou, no ano passado, investimento anual da ordem de € 400 milhões para utilização do aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, para pernoite e manutenção de rotina das aeronaves que ligam a Europa à América do Sul. "Foi um investimento que mostra a importância do Brasil", disse a diretora-geral no Brasil, Annette Taeuber.

No curto prazo, o que efetivamente preocupa a Lufthansa no Brasil é a iminente saída da TAM da aliança global Star Alliance. "A Star Alliance terá que fazer algo. Estamos sem parceiro na Índia e na Rússia e vamos ficar sem a TAM no Brasil", disse Haupt.

Por conta da fusão da chilena LAN, que fazia parte da One World, com a TAM, integrante da Star Alliance, a aérea brasileira vai deixar esta última aliança completamente no fim do primeiro semestre de 2014. A Avianca passa a ser a empresa com operação doméstica no Brasil a integrar a rede de aéreas.

Mas para a Lufthansa, a troca de uma aérea com 40% de participação de mercado por outra com 7% no Brasil não será suficiente. "Podemos sim buscar um acordo bilateral, de 'code share'", disse Nils Haupt.

O grupo alemão tem participação majoritária nas aéreas Lufthansa, Germanwings - companhia de baixo custo -, Austrian Airlines e Swiss, além de fatias minoritárias na americana JetBlue, na suíça Swiss e na turca SunExpress. "Conhecemos o mercado europeu. Não temos expertise na América do Sul. Antes de pensar em voltar a investir fora da Europa temos que focar aqui", afirma o diretor da Lufthansa. "Mas o mercado da aviação global será consolidado, dominado por uma quantidade menor de grandes companhias e esse processo passa pela América do Sul".

Haupt ressalta ainda que antes de começar a estudar a possibilidade de assumir posições em uma empresa no Brasil, o processo depende da alteração da legislação no país. Hoje companhias estrangeiras não podem ter mais que 20% do capital de empresas aéreas que operam rotas dentro do território brasileiro.

Além disso, o executivo lembra que o setor atravessa um momento de margens operacionais apertadas por causa da estagnação econômica mundial, associada à volatilidade cambial e à alta do preço do petróleo provocadas pela recente incerteza política no Oriente Médio.

A receita da Lufthansa caiu 0,3% no primeiro semestre de 2013, ante mesmo período de 2012, atingindo € 14,464 bilhões. O lucro operacional somou € 72 milhões, o que representou uma queda de 69,4% em relação a janeiro e junho do ano passado. A empresa a alemã teve um prejuízo líquido de € 204 milhões no período.

Enquanto não define o encaminhamento da parceria local na aliança global, nem começa a analisar a possibilidade de entrar no capital de uma aérea doméstica, a Lufthansa planeja o desembarque no país da maior aeronave comercial da Boeing no mundo, o 747-8.

"O plano é trazer a seleção alemã de futebol para a Copa do Mundo ano que vem", disse Haupt, que aponta um "detalhe" a ser superado - e não se trata da classificação da equipe tetra campeã mundial, que precisa de apenas um empate em dois jogos para carimbar presença no evento da Fifa.

O plano da empresa alemã de começar a voar entre a Alemanha e o Brasil usando o 747-8 Intercontinental foi colocado em "modo de espera" depois que o teste programado para junho no aeroporto de Guarulhos (SP) foi cancelado por falta da liberação das autoridades aeroportuárias.