TAP projeta crescer 10% no Brasil com novos voos

07/10/2013 - Valor Econômico

Por João José Oliveira

A TAP Portugal, estatal portuguesa de aviação, planeja registra crescimento de 10% na operação brasileira este ano na comparação com 2012, em receita e transporte de passageiros, disse ao Valor o diretor-geral da empresa na América do Sul, Mário Carvalho. Ele projeta expansão nesse ritmo também em 2014.

A expansão projetada pelo diretor da TAP é superior ao desempenho esperado para a média do mercado brasileiro. Segundo a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), o Brasil é até este momento no ano o único grande mercado do planeta a registrar declínio no transporte aéreo de passageiros, pressionado pela fraca demanda interna e pela redução de oferta de assentos das companhias aéreas. A entidade registra retração de 0,4% na demanda e de 5,1% na capacidade do setor no país no acumulado até agosto.

Em 2012, a TAP transportou 1,5 milhão de passageiros entre a Europa e o Brasil, o que representou 55% do tráfego internacional da companhia, atendendo 10 destinos por meio de 74 voos semanais.

Esse universo vai crescer para 12 destinos e 77 voos semanais a partir de junho do ano que vem, quando a companhia estreia a rota Lisboa-Manaus-Belém. "O Brasil representa cerca de 30% do negócio da TAP", afirma o diretor-geral. O plano da aérea é pelo menos manter essa participação em 2014, quando o cenário econômico para outros destinos tende a ser melhor, afirma Carvalho. "A economia europeia está melhorando", disse.

A TAP S.A., empresa aérea estatal portuguesa que integra o grupo TAP, registrou aumento de 4,4% na receita no primeiro semestre em comparação ao mesmo período de 2012, atingindo € 974 milhões. A companhia teve prejuízo de € 111 milhões no período. Entre janeiro e junho de 2012, registrou perda de € 112 milhões.

Os destinos Manaus (AM) e Belém (PA), a partir de junho próximo, terão voos às terças-feiras, sextas-feiras e domingos, com o modelo Airbus A-330. A rota, que vinha sendo negociada com os governos estaduais de Amazonas e Pará, será anunciada oficialmente no próximo sábado, em Lisboa.

O diretor geral da TAP projeta para esses voos taxas de ocupação próximas às registradas nas demais rotas para o Brasil. "Temos média de 87% de taxa de ocupação", diz Carvalho. "Temos uma rede de negócios com agências e operadoras de turismo, além de sermos a única companhia que liga alguns destinos europeus com o Brasil", afirma.

Mário Carvalho diz que o cenário de 2014 será de maior exposição do país como destino turístico por causa da Copa do Mundo de Futebol, que a Fifa realiza em 12 cidades-sede, incluindo Manaus. "O Brasil ficará na vitrine no momento em que a economia europeia estará melhorando", disse o diretor da TAP.

Segundo Carvalho, os destinos amazônicos têm maior apelo turístico na Europa, especialmente entre os passageiros da parte ocidental, como alemães, italianos, franceses e ingleses. "Como vamos ser os únicos com esse voo direto para a Amazônia brasileira, acreditamos numa demanda que garanta uma taxa de ocupação em linha com nossa média no país", disse o diretor da TAP.

A aérea segue aguardando a retomada do processo de venda, interrompido ano passado. Em 2012, o governo português incluiu a TAP no programa de privatização. Mas a operação foi encerrada em dezembro, quando o único interessado, o empresário Germán Efromovich, principal acionista da Avianca, teve a oferta negada por falta de garantias bancárias, segundo o governo luso.

Na última declaração dada sobre o tema, o ministro da Economia de Portugal, António Pires de Lima, disse no começo de setembro que só faz sentido avançar na privatização da TAP quando o governo estiver totalmente convencido que a operação pode ser bem-sucedida.

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