28/04/2015 - O Globo
Destinos do interior apresentam maior demanda e ocupação de voos, dizem executivos do setor
POR GLAUCE CAVALCANTI
RIO – Manter a operação focada nas linhas de maior rentabilidade — em que a alta demanda garante elevadas taxas de ocupação — vem exigindo das empresas aéreas brasileiras uma gestão da malha de voos mais precisa. A procura por linhas regionais vem garantindo rentabilidade em diversas regiões do país, afirmam executivos do setor, levando a substituição de rotas para cidades como Brasília.
Movimentos no segmento vão depender da liberação dos recursos do Programa para o Desenvolvimento da Aviação Regional
A partir do mês que vem, a Azul terá 13 novas rotas nesse segmento, enquanto a Gol já avalia rever sua estratégia de manter uma frota padronizada, composta por aviões Boeing, que poderia limitar a atuação na aviação regional. A TAM aposta com força na parceria com a Passaredo, chegando a mais nove destinos no país, como Araguaína (TO) e Sinop (MT).
— O interior do Brasil tem crescido mais que as capitais. No momento, a fórmula da Gol de ter uma frota única é acertada. Mas não significa que não possamos ver outros aviões para voar para outros destinos. Primeiro, precisamos avaliar para quais podemos operar com nossos aviões — conta Alberto Fajerman, diretor de Relações Institucionais e Alianças da companhia.
A gestão da malha já demonstra o interesse da Gol no regional. Este ano, a companhia iniciou operações em Ribeirão Preto (SP), Juiz de Fora (MG), além de ter ampliado a oferta de voos em Carajás e Altamira, no Pará, e em Manaus.
Os grandes movimentos no segmento, porém, vão depender da liberação dos recursos previstos no Programa para o Desenvolvimento da Aviação Regional, que concederá subsídios às companhias. Esses recursos virão do Fundo Nacional de Aviação Civil, alimentado pelas outorgas dos aeroportos concedidos à iniciativa privada.
— Investimos onde a proposta de mercado é mais competitiva, oferecendo melhores produtividade e serviço, com a melhor relação custo benefício — explica Antonoaldo Neves, presidente da Azul.
As novas rotas da companhia, continua ele, têm como norte a ativação do mercado regional.
— Estamos fazendo isso mesmo antes do processo de regulamentação do plano (da aviação regional). São mais nove ATRs este ano e sete jatos Embraer. A rentabilidade da empresa não espera o processo de regulamentação do plano, que já é lei — diz Neves.
OPERAÇÕES FOCADAS EM RESULTADO
Com a grande expansão do mercado doméstico na última década no país, a base de passageiros das aéreas já está elevada. Como o câmbio subiu, puxando os custos das companhias aéreas, que são altamente atrelados ao dólar, pode estabilizar um pouco a evolução do setor, diz Mário Bernardes Junior, analista da BB Investimentos. O momento é de ajuste preciso na malha de voos.
Nesse sentido, a Azul fez ajustes como a substituição de quatro voos do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, para Brasília por outros quatro para Uberlândia e Belo Horizonte, em Minas Gerais, Navegantes e Florianópolis, em Santa Catarina. O Galeão terá saídas para Macaé. Em Guarulhos, São Paulo, houve redução na oferta para Cuiabá, Fortaleza (CE) e Brasília, abrindo linhas para Cascavel e Maringá, no Paraná, e Joinville (SC). Em aeroportos mineiros, Confins contará com voos para Cabo Frio e para Ilhéus (BA); Pampulha, para Brasília. De São Luís do Maranhão haverá rotas para Belém (PA) e Fortaleza.
A Azul, no entanto, vai suspender as operações em Campina Grande (PB) e Araguaína (TO).
— Há uma seleção de dez a 15 cidades no país em que a viabilidade das operações depende do plano da aviação regional, como São José dos Campos ou Araguaína e Campina Grande, onde apostamos por um ano.
A ideia é não deixar as cidades de onde a empresa deixa de operar desatendida. Araguaína está entre os destinos cobertos pela Passaredo, que fechou um acordo de code-share com a TAM. A voadora do grupo Latam inicia também este ano operações em Bauru e São José dos Campos, no interior de São Paulo, Jaguaruna (SC) e Juazeiro do Norte (CE).