Galeão receberá mais R$ 1,6 bilhão do BNDES

14/05/2015 - O Globo

O empréstimo de longo prazo do BNDES para a Rio Galeão, concessionária que tem como sócios Odebrecht, Infraero e Changi, de Cingapura, que assumiu o aeroporto em agosto, está em fase final de detalhamento. O crédito será da ordem de R$ 1,6 bilhão, e a expectativa é que o desembolso comece no fim do ano, segundo a Rio Galeão. Além do empréstimo, a concessionária pretende emitir R$ 400 milhões em debêntures (títulos de dívida de empresas para captar recursos do mercado), operação da qual o BNDES poderá participar. O crédito será usado em melhorias de infraestrutura do aeroporto.

As condições financeiras do crédito estão em análise na área técnica do banco, informou o BNDES, mas já está definido que a concessionária terá 20 anos para pagar — o prazo de concessão é de 25 anos. Segundo o BNDES, ao receber a primeira parcela do crédito de longo prazo, a Rio Galeão terá de quitar o empréstimo-ponte de R$ 1,1 bilhão, aprovado em agosto de 2014.

Desde 2012, quando o BNDES iniciou o apoio financeiro a aeroportos privatizados, foram aprovados R$ 7,8 bilhões para São Gonçalo do Amarante (RN), Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas), Brasília e Galeão. A conta inclui o empréstimo-ponte liberado para o aeroporto carioca. O banco analisa ainda o pedido de crédito da BH Airport, concessionária de Confins (MG).

Além do empréstimo de longo prazo, as concessionárias têm apoio do BNDES na emissão de debêntures. No caso de Guarulhos, além dos R$ 3,4 bilhões concedidos pelo banco, a BNDESPar, braço da instituição que atua no mercado de capitais, adquiriu R$ 100 milhões dos R$ 300 milhões emitidos. Na operação liderada por Viracopos, a BNDESPar comprou a totalidade dos R$ 300 milhões em títulos.

A primeira leva de obras para a qual o Galeão já vem usando recursos do BNDES incluiu a ampliação do estacionamento, reforma do terminal 2 e construção do chamado píer — estrutura em que haverá 26 pontes de embarque, ampliando a possibilidade de embarque e desembarque simultâneo. Hoje são 33 pontes. A promessa da concessionária é que o pacote de obras estará pronto até abril de 2016.

— Vamos substituir as pontes de embarque, o que não estava previstos no edital — disse Luiz Rocha, presidente da Rio Galeão.

Concessionária deve assumir R$ 130 milhões em obras

Execução caberia à Infraero. Operadora buscará ressarcimento

A Rio Galeão, concessionária liderada pela Odebrecht que opera o aeroporto carioca, deve assumir obras avaliadas em R$ 130 milhões que são de responsabilidade da Infraero, porque a estatal está com dificuldades para executá-las. As obras incluem a troca de escadas rolantes, esteiras e reformas no terminal de passageiros. Algumas estão atrasadas em pelo menos um ano e meio.

Desde o início desta semana, a Rio Galeão assumiu a substituição das esteiras rolantes do corredor que conecta os terminais 1 e 2. Segundo fontes, elas não foram instalados por falta de pagamento à empresa responsável pela manutenção. A Rio Galeão prevê concluir a instalação em julho. O serviço teria que ter sido finalizado antes do leilão de concessão do aeroporto, em novembro de 2013.

A concessionária também está em fase final de negociação com a estatal para assumir a instalação das novas esteiras de bagagem do terminal 2, que deveria ter sido concluída em julho de 2014, antes de o consórcio assumir a operação do aeroporto. A Rio Galeão reúne a Odebrecht, a Changi, de Cingapura, (juntas com 51%) e a Infraero (49%). A Odebrecht também negocia com sua sócia a troca de comando em obras pendentes como a reforma do terminal 1, a substituição de escadas rolantes e intervenções no sistema de pistas.

— Vamos reavaliar a real necessidade dessas obras e pedir o ressarcimento dos valores — disse Luiz Rocha, presidente da Rio Galeão.

INFRAERO: VALOR SERÁ DISCUTIDO

Nos cálculos da concessionária, o saldo remanescente da Infraero é de R$ 130 milhões. Para algumas obras, o reembolso pela Infraero está previsto em edital. A substituição das esteiras do corredor de conexão dos terminais de passageiros e parte da reforma do terminal 1, porém, estão fora dessa lista.

Segundo a Infraero, o atraso na execução das obras deve-se à reprogramação de cronogramas devido a eventos de grande porte como a Copa do Mundo, à perda de receita com a concessão dos aeroportos e a problemas com fornecedores. A estatal diz ainda que o valor devido será definido após consulta à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).