Aeródromo em Cascavel terá recurso de R$ 80 mi

16/06/2015 - Diário do Nordeste

O projeto tem como foco atender às demandas da aviação geral e executiva privada no Estado


A pista de pouso terá 1.700 metros de comprimento e 30 metros de largura, possibilitando a operação de aeronaves de pequeno, médio e grande portes

O Ceará receberá em 2017 o primeiro aeródromo civil público do Norte e Nordeste. A empresa cearense Arvoredo Fly Inn projeta o investimento de R$ 80 milhões em recursos próprios para a implantação do Aeródromo Arvoredo, em Cascavel, a 60 km de Fortaleza. O projeto tem como foco atender às demandas da aviação geral e executiva privada no Estado. Desta forma, a ideia seria desafogar o Aeroporto Internacional Pinto Martins.

Piloto há 39 anos, José Demontieux Brito Teles, o "comandante Teles", reclama das dificuldades que enfrenta no Ceará pela ausência de um equipamento específico para o mercado.

"Temos muitas dificuldades, pois toda a prioridade em Aeroportos é para as companhias comerciais. Você vem pousar (uma aeronave de pequeno porte) e tem que ficar na espera. Sempre estamos em último plano. Para decolar é a mesma coisa", diz o piloto.

A intenção do Aeródromo Arvoredo, no entanto, é exatamente encerrar este problema, servindo inclusive como apoio à atual demanda do Aeroporto Internacional Pinto Martins. A pista de pouso serviria para este público sem a concorrência das aeronaves comerciais. Assim, a espera reclamada nos pousos e decolagens deixaria de existir.



Justificativa

O empresário Raphael Athayde, diretor administrativo da Arvoredo Fly Inn, citou este congestionamento do Aeroporto Internacional da Capital, além do vácuo existente no setor público para a expansão da estrutura aeroportuária no Ceará como justificativas ao investimento. "Em razão do grande volume de operações da aviação comercial no Aeroporto Pinto Martins, por causa das grandes companhias, as empresas de aviação geral, como os táxis aéreos, por exemplo, além da aviação executiva, ficaram limitadas nas suas atividades e tiveram seus custos operacionais elevados, ocasionando uma elevação do custo da hora de voo, o que tem prejudicado o setor", explicou.

Em obras

Conforme o empresário Severino Athayde, consultor operacional do empreendimento, a construção já está autorizada e em andamento.

"A pista de pouso terá 1.700 metros de comprimento e 30 metros de largura, possibilitando a operação de aeronaves de pequeno, médio e grande porte. Mas não podemos atuar nem com carga nem na aviação comercial de passageiros. Esse aeródromo é para a aviação geral e executiva privada. Será utilizado para táxi aéreo, transporte de valores, entrega de malotes, Correios", informou. O Aeroporto Internacional Pinto Martins, no ano de 2014, registrou 13.396 pousos e decolagens desse segmento. Montar o Aeródromo é uma maneira de desafogar o modal aeroportuário público.

"Estamos tecnicamente autorizados pela Anac (Agência Nacional da Aviação Civil). A obra já começou. Agora é desenvolver uma atividade pesada para termos condições de inaugurar daqui a um ano e meio o campo de pouso", revelou Severino Athayde, que prevê o início das atividades para o segundo semestre do ano de 2017.

Capacidade

O empreendimento contará, ainda, com hangaragem para 250 aeronaves, além de centro administrativo, abastecimento e comércio local.

Outro ponto abordado por Athayde foi a disponibilização de transfer gratuito, através de helicóptero, para os deslocamentos de clientes e tripulação para Fortaleza.

"Os nossos custos operacionais serão bem mais acessíveis, não teremos problemas com congestionamentos de slots, já que o nosso aeródromo não tem controle de torre. Por outro lado, ofereceremos também hangaragem a preços diferenciados, o que deverá atrair muitos donos de aeronaves e empresas de táxi aéreo", relatou Raphael.

A redução projetada para o cliente final seria de aproximadamente 35% em relação aos valores atualmente praticados, conforme Severino.

De acordo com o diretor financeiro do empreendimento, Cardoso Neto, "os parâmetros técnicos projetados visam uma perfeita assimilação do tráfego aéreo local e regional, para que houvesse uma perfeita análise da demanda, levando em consideração o tipo de operação e o porte das aeronaves previstas a operar no aeródromo", relatou.

Manutenção

Severino Athayde destaca, ainda, a responsabilidade social da empresa. Será destinado um espaço para a realização de cursos de formação para capacitar mão de obra local para atuar na manutenção das aeronaves. A perspectiva, segundo ele, é também atrair o mercado de manutenção para o Ceará.

"Atualmente, para realizar as manutenções em aeronaves é preciso voar até o Sudeste, pois somente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais é que estão localizadas as oficinas. Com nosso projeto, as regiões Norte e Nordeste poderão ter uma opção mais próxima para este atendimento", explicou.
Levi de Freitas



Repórter